O Arquivo Público Municipal está fechado há mais de 4
meses. Historiadores, pesquisadores, estudantes e público em geral estão impossibilitados
de fazer pesquisas em seu acervo.
Documentos os mais diversos da nossa Comarca, jornais,
certidões, inventários, livros de registros e tombos e escrituras, estão
trancafiados no imóvel desde meados de dezembro de 2016.
Ao longo dos últimos anos fiz várias matérias neste Blog sobre o assunto. (Aqui, aqui e aqui). A TV Unisul, em abril de 2010, também já o abordou em reportagem.
O acervo do Arquivo Histórico pertence, evidentemente,
ao município da Laguna e está sob responsabilidade da Fundação Lagunense de
Cultura.
Ao longo dos últimos anos fiz várias matérias neste Blog sobre o assunto. (Aqui, aqui e aqui). A TV Unisul, em abril de 2010, também já o abordou em reportagem.
Casa Candemil está fechada por orientação do Iphan
Técnicos do escritório do Iphan de nossa cidade, mesmo não sendo da alçada do órgão, estão finalizando a
montagem do termo de referência com o qual o órgão licitará uma primeira etapa
da recuperação do acervo documental, a qual incluiu o inventário, diagnóstico e
higienização dos documentos.
Será a partir da execução dessa primeira etapa que o Iphan poderá
estabelecer as etapas seguintes, prevendo a restauração de documentos e a sua digitalização,
de forma a facilitar o acesso dos interessados.
Fabiano Teixeira dos Santos, arquiteto e urbanista do escritório do Iphan da Laguna informa que "Por conta dessa situação orientamos a Fundação
Lagunense de Cultura, responsável pelo arquivo, a evitar o acesso à Casa
Candemil e principalmente aos documentos, sobretudo, o seu manuseio".
Santos complementa a informação dizendo que "As condições
do local colocam em risco não apenas a preservação dos documentos (alguns dos
quais encontram-se seriamente danificados/em estado bastante frágil), como a
saúde dos pesquisadores, uma vez que o nível de contaminação por fungos e
micro-organismos é muito alto".
Restauro do prédio está previsto no PAC das cidades históricas
O Iphan também informa que quanto ao restauro do prédio, técnicos do órgão estão providenciando os últimos ajustes no projeto, no que diz respeito à planilha orçamentária, para que o mesmo seja definitivamente aprovado junto à Direção do PAC-Cidades Históricas em Brasília.
O arquiteto e urbanista do Iphan salienta que é esperado em breve uma resposta, "a partir do que poderemos enfim licitar a obra de restauração da edificação”.
E finaliza Santos dizendo que "pela urgência do caso estaremos primeiramente realizando a recuperação do acervo, pois o processo, em termos administrativos, tem sido menos moroso que o de restauração da casa".
***
A bem da verdade, a edificação onde está situado o Arquivo
Público, na rua Fernando Machado (rua do Rincão), com Travessa Manuel Pinho, nunca foi adequado para
abrigar importantes documentos que registram a história da Laguna nas mais
diversas áreas.
Em 1997 os proprietários (dª Zulma Candemil e os filhos Mauri e Mauro, este o atual prefeito da Laguna), resolveram doar o imóvel ao
Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), que o reformou
por completo e o repassou em 2000, em forma de cessão ao município da Laguna
por vinte anos.
Mas o prédio, após sua ampla reforma, nunca recebeu a
devida atenção dos gestores que passaram pela prefeitura da Laguna. Nem o
prédio nem seu acervo. Descaso com nossa cultura e história. Uma vergonha.
A edificação é úmida, mofada e apresenta infiltrações e
goteiras. O próprio mobiliário não atende às exigências. Não há iluminação adequada,
calefação, desumidificadores. As prateleiras estão abarrotadas, caixas
amontoadas, empilhamento prejudiciais, traças, cupins, baratas e ratos fazem a
festa. Por conta disso, somado à incúria de nossas autoridades, documentos se
perderam (ou desapareceram), como foi o caso da coleção da Revista Santelmo.
Algumas pequenas melhorias foram realizadas ao longo
dos anos, como trocas de tábuas do assoalho e pintura. Mas foi só.
O local foi transformado oficialmente no Arquivo Público Municipal pela Lei nº 1.047, de 30 de agosto de 2004.
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Histórico da Casa Candemil
“A atual “Casa Candemil” foi
construída em meados do século XIX, por Manuel José Dias de Pinho (por isso o nome da Travessa onde está situada), filho de José
Dias de Pinho, que nasceu em 1800 na Freguesia de Pinho, em Portugal.
Casou-se duas vezes: primeiro com Maria
Pereira, não tendo filhos dessa união, e segundo, com Caetana Maria dos Anjos,
nascida em Desterro, em 1804.
Saul Ulysséa, em seu livro “Laguna
de 1880”, descreve a casa como “de boa aparência”, “onde residia a respeitável
senhora Caetana Pinho”.
José e Caetana tiveram nove
filhos: Maria Luísa, Manuel José, Luiz José, Bonifácio José, Alexandrina Luísa
Dias de Pinho, que casou-se com Joachim José Pinto de Ulysséa (que construiu a “Casa
da Carioca”), Fortulino José, José, Alfredo José e Antônio José.
Manuel José Dias de Pinho, nasceu
em 1º de outubro de 1832 na Laguna. Em 10 de fevereiro de 1861, casou-se com
Maria Torres de Guimarães (filha de João José de Souza Guimarães e Anna
Lourenço Torres) e tiveram três filhos: João, Salvato e Caetano Guimarães
Pinho.
Manuel José Dias de Pinho doou a “casa”
ao filho Oscar Guimarães Pinho (que foi prefeito da Laguna) sendo casado com
Adelaide Fernandes Martins, e que tiveram três filhos: Manoel, Maria e
Francisco Fernandes Pinho.
Quando da construção da ponte da
estrada de ferro em Cabeçuda, os engenheiros ingleses construíram uma casa na
rua Tenente Bessa, e a venderam ao sr. Oscar Guimarães Pinho, que ali foi
morar, doando a “casa” construída por seu pai, ao filho Francisco Fernandes
Pinho, nascido a 26 de julho de 1896 e casado com dª Nélia Amboni Tasso, pais
de Nice, Vânio, Maria Adelaide, Rizza, Vera e Oscar.
Provavelmente, ainda na década de
30, Sady Candemil da Silva veio de Imaruí, juntamente com seu irmão José Candemil
da Silva. Posteriormente trouxe para morar com ele seus irmãos: Carmen, Alda,
Ruth, Prudência, Zulma, Dinorah, Maria da Glória, Haroldo e Euclides.
Sady já residia na “Casa Candemil”,
quando em 1940, adquiriu definitivamente a propriedade.
José casou com Maria Spíllere e
tiveram três filhos: Antônio José, Márcio e Mário Luís (Bau).
Alda casou com Ido Severino Duarte
tendo dois filhos: Regina e Aldo, que morou muito tempo na “Casa Candemil”.
Ruth casou com Álvaro Nunes;
Prudência com Sérgio Gonçalves; Zulma com Oscar Pereira; Dinorah com Nillor Hyárup
Rollin, e Maria da Glória com Angelino Boff.
Todas as irmãs festejaram o casamento
na “Casa Candemil”.
Sady Candemil da Silva
permanecendo na casa, casou-se com Zulma Candemil, com quem teve dois
filhos, Mauro Vargas Candemil e Mauri Candemil.
A sala da frente da residência era
o Escritório da Empresa Lagunense de Navegação, sociedade formada por João
Tomáz de Souza, Pinho & Cia., e Sady Candemil & Cia., proprietários
dos navios Laguna e Adelaide.
Operava no ramo de cereais,
farinha, madeira, camarão seco, entre outros produtos. Na casa também funcionou
o escritório da empresa Boff & Candemil.
Quando Ruth fica viúva vai morar
com Carmen, até mais ou menos 1985, deixando a casa em função de seu precário estado
de conservação.
Neste mesmo ano, o Centro Histórico
da Laguna foi tombado como patrimônio histórico nacional, impedindo a demolição
das edificações mais significativas da área.
Estando parcialmente arruinada, no
início da década de 1990, a casa foi escorada pelo Iphan e, em 1997, a “Casa
Candemil” foi doada para o Iphan por dª Zulma Candemil e seus filhos
Mauro (hoje prefeito da Laguna) e Mauri Candemil.
O Iphan assumiu imediatamente a
completa restauração da edificação que voltou a integrar a paisagem urbana da
Laguna e a ser utilizada como Arquivo Público Municipal, perpetuando-se como “Casa
Candemil”, como é carinhosamente chamada”.
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Fontes: Painel fixado na Casa.
- Ulysséa, Rogério - História e Genealogia da família Ulysséa.
- Relatos orais: Antônio Carlos Marega, Dinorah e Zulma Candemil.
Que pena! Uma cidade que vive de Turismo, despreza sua história!
ResponderExcluirpor que o ifhan da nossa cidade não funciona?
ResponderExcluirParabéns pelo relato e história,Valmir.
ResponderExcluirA Cidade de Laguna tem um belo tesouro,que é seu passado histórico.Só que as entidades que deveriam presevar para gerações futuras, não estão valorizando.
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