sexta-feira, 7 de setembro de 2012

D. Pedro I esteve na Laguna

Você sabia estimado(a) leitor(a) deste blog que o Imperador do Brasil D. Pedro I esteve na Laguna? Pois esteve, em rápida passagem, é bem verdade. E mais: Aqui pernoitou!

Conta-nos o historiador Oswaldo Rodrigues Cabral, em sua obra “História da Política em Santa Catarina durante o Império”, volume I, páginas 215 a 218, que em 12 de novembro de 1826, no Rio de Janeiro, portanto quatro anos após o grito da Independência, D. Pedro anunciou que viajaria para o sul, “a fim de ver com os meus próprios olhos as necessidades do Exército em operações bélicas destinadas a conservar unida ao Império a Província Cisplatina”.

Outros autores contam que o afastamento foi proposital. D. Pedro queria afastar-se da Corte, e principalmente do lar, dar um tempo, como se diz hoje, afinal tinha estourado seu caso não tão secreto assim, com Domitila de Castro, a Marquesa de Santos. O falatório, os comentários na Corte, leitor(a), devia ser grande e a orelha de D. Pedro por certo estava ardendo de tão vermelha.
Em 23 de novembro de 1826 D. Pedro I embarcou e a 24 já estava em direção ao sul.
Ao entardecer do dia 29, conta-nos Cabral, a esquadra fundeava na enseada de Canasvieiras. Na manhã seguinte desceu em Desterro.

O reboliço foi grande. Imaginem o Imperador em pessoa visitando a pequena cidade.
Foguetes, sinos, autoridades. Os mandões, câmara municipal, clero, milícias, missa e jantar.
A 1º de dezembro embarcou pelas 4 e meia, chegando à Araçatuba às 8 e meia. Almoçou, montou a cavalo e chegou à Garopaba às 4 e meia.

No dia 2, continua Cabral, extraindo essa informações de Henrique Boiteux e do próprio diário do Imperador, “saiu a comitiva imperial às oito, passou pela Vila Nova quase ao meio-dia, aí jantando, descansou ao calor do dia e mais ou menos às quatro horas, com a fresca, e pela praia, passando por Imbituba, Itapirubá e Gi, chegou à Laguna, depois da Ave-Maria”.
E continua Cabral:
“Aí, ouviu missa às 6 horas do dia 3, atravessou a barra antes das 8, montou e seguiu sempre pela praia, assinalando o diário os acidentes topográficos, para atravessar o Araranguá no dia 4 às 9 da manhã e o Mampituba às 7 horas do dia 5, entrando no Rio Grande pelo caminho de Torres”.
Pronto! Essa foi a rápida passagem do Imperador por Laguna. Mas notem um detalhe, leitor(a):

O Imperador chegou por aqui no dia 2, “depois da Ave-Maria”. Aí ouviu missa às 6 horas do dia 3”.
Conclusão: O Imperador D. Pedro I pernoitou na Laguna entre 2 e 3 de dezembro de 1826.
Onde teria dormido? Em que casa? Algum "hotel"? Pousada? Em que leito? De que autoridade?
Laguna já estava em franco desenvolvimento, era importante entreposto comercial, tanto que 13 anos depois, em 1839, os farrapos tomarão seu porto, aqui fundando a República Juliana, mas isso é outra história.
Pena que não existia jornal na Laguna para registrar o fato, a chegada de D. Pedro I.
Aliás, não existia nem na Província de Santa Catarina, não esqueçamos que “O Catharinense”, de Jerônimo Coelho, só vai surgir em 1831.
Mas o registro está lá, no diário do Imperador, tão bem pesquisado por Henrique Boiteux e Oswaldo Rodrigues Cabral.

Para completar nossa história, a Imperatriz Leopoldina, grávida, abortara dia 2 de dezembro e por complicações, morre a 11, no Rio de Janeiro, aos 29 anos. D. Pedro recebeu a notícia da morte da esposa no sul, dia 25 e retorna imediatamente ao Rio de Janeiro. Refaz o mesmo trajeto e chega ao Rio de Janeiro em 15 de janeiro de 1827.
Dom Pedro I morreu de tuberculose, aos 36 anos, em 1834.

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