quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Por falta de um Museu na Laguna, material retirado das escavações em sambaquis está sendo armazenado em Tubarão

Ontem conversei com a coordenadora do Grupo de Pesquisa em Educação Patrimonial e Arqueologia (Grupep) da Unisul, professora Deisi Escunderlick Eloy de Farias.

Trabalhos de escavações continuam
A coordenadora explicou que os trabalhos de escavação no sambaqui de Cabeçuda começaram há três semanas e devem ser encerrados nos próximos dias. “Há toda uma complexidade nos trabalhos, temos que detalhar os achados, fotografá-los, etiquetá-los. Além dos artefatos líticos, adornos e manchas de fogueira, havíamos encontrado onze esqueletos e nesta terça-feira encontramos mais quatro, totalizando até agora, 15 esqueletos".

A professora informou que este sambaqui era utilizado como uma área de ritual, antes ou após os sepultamentos. O sambaqui tem uma idade aproximada entre 4 a 5 mil anos.
 
Os dois locais de escavação estão situados exatamente onde serão fincados dois pilares para a futura ponte.

Na foto, pode-se observar três esqueletos descobertos no dia de ontem

- Para onde vai o material retirado, indaguei.
- Todo o material retirado do local será levado para o laboratório do Grupep, na Unisul, em Tubarão.
- E depois?

- Por lei todo o material deve voltar ao local de origem, mas por falta de um local apropriado na Laguna, afinal não há um Museu específico, o material depois de analisado e etiquetado, fica depositado em caixas e sacos guardados no laboratório da Unisul.

Professora Deisi conferindo os trabalhos
Vejam, senhores, a oportunidade que estamos desperdiçando há muitos anos por não possuírmos um museu do sambaqui. Eleição após eleição, candidatos lançam em seus planos de governo a criação deste museu, mas tão logo eleitos esquecem a promessa. Fica tudo no papel, balela para ludibriar incautos eleitores ligados à cultura de nosso município.

Um esqueleto

Depois de eleitos, se pudessem – e alguns até já o fizeram – patrolavam todas essas áreas para futuros loteamentos.

Observe leitor a riqueza que possuímos em nossa Laguna, através -  também - de sítios arqueológicos onde as populações primitivas deixaram sinais ou marcas de sua passagem.
Por que então, além de conservar e estudar, não explorar mais esse potencial histórico-turístico?
Estudantes, professores, historiadores, curiosos, poderiam observar in loco um sambaqui, através de um roteiro e depois conferir o material retirado, seus estudos e explicações, visitando um Museu do Sambaqui.

2 comentários:

  1. Prezado Valmir
    Lendo seu artigo transporto-me ao passado e hoje posso fazer uma nova leitura sobre os “sambaquis” que naquela época chamávamos de “casqueiro”. Eu desde criança, estudando no grupo escolar, e ginásio em Laguna, nunca tive uma aula que nos dessem explicações sobre os valores dos sambaquis, nem se falava no assunto. Tanto é que perto de minha casa, eu lembro que brincava no casqueiro próximo ao colégio Stella Maris e muitas machadinhas de pedra achei e botei fora.
    Também temos um exemplo de destruição de sambaquis; foi a Empresa Incal que produzia adubos de concha moída para regularizar o solo nos plantios. Foram centenas de caminhões retirado da Caputera. Em todos os casqueiros existentes uma parte era destinada ao sepultamento, eu até associo este fato a colocação hoje de cal nas sepulturas nos enterros. O cal ajuda na decomposição dos corpos., e os casqueiros ou sambaquis são “o cal in natura”. Em todos os locais onde tiver acúmulo de conchas haverá ossadas humanas, e artefatos de pedras. É só procurar. Talvez seja esta uma das razões que até hoje Laguna nunca tenha despertado a vocação para estes achados tão importantes para o conhecimento dos povos que viveram nesta região.

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  2. Quênia Luz de Jesus Horn22/09/2012, 23:27

    Então políticos,estamos esperando uma resposta plausível para tal fato...sinceramente só falta vontade,mostrem para quem estão governando!!!

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