sábado, 15 de setembro de 2012

O Museu Anita Garibaldi

O Museu Anita Garibaldi foi inaugurado em 17 de abril de 1956, por ocasião das comemorações do centenário da Comarca da Laguna. O então prefeito Walmor de Oliveira só assinou a Lei Municipal nº 222, que o criava, em 15 de outubro de 1956, seis meses após.
A solenidade contou com a presença do governador do estado Jorge Lacerda. Fez uso da palavra à ocasião o professor Ruben Ulysséa.

(Em meu blog anterior, dias 08 e 12 de outubro de 2006, há matérias a respeito, inclusive com fotos da inauguração, basta clicar em

Um dos seus maiores baluartes – se não o maior – foi o Juiz de Direito João Thomaz Marcondes de Mattos.
Quem viveu à época e foi testemunha ocular dos fatos, conta que o juiz Marcondes percorria longas distâncias em busca de uma peça, de um artefato para o Museu. Por diversas vezes cruzou nossas Lagoas a bordo de barcos e até canoas rumo a localidades do interior onde pudesse angariar algo que viesse a enriquecer o acervo da entidade.

Várias foram as famílias de nossa cidade que, instadas a colaborar, doaram relíquias de suas coleções particulares, como talheres em prata, máquinas de escrever e de costurar, escarradeiras em porcelana, louças, papel-moeda, relógios, pinturas, armas, brasões, fotografias, documentos, medalhas, urinóis, uniformes, bandeiras, móveis de várias épocas, canhões e outros artefatos bélicos, além de material retirado dos nossos sambaquis, etc.
E também o prelo onde foi impresso o pioneiro jornal de nosso estado, O Catharinense, em 28 de julho de 1831, doado por Saul Ulysséa e Mário Mattos.
Mais tarde uma das gaitas, fotos e discos de Pedro Raimundo passaram a fazer parte do acervo.

Um grande arquivo de processos pertencente a nossa Comarca, foi exposto em enormes armários na última sala ao sul.
De Anita Garibaldi que leva o nome, o Museu propriamente tinha muito pouco, além, é evidente, do valor maior que é o próprio prédio onde consta, David Canabarro de sua sacada proclamou a República.
Uma tesoura que, dizem, pertenceu a ela, a ata que instalou a República Catarinense (ou Juliana) e a mesa onde foi assinado o documento. O mastro do Seival, o lampião do barco, pinturas e fotos de visitas de familiares de Garibaldi a nossa cidade. Quase todo esse material foi transferido e está exposto na Casa de Anita, ao lado da Matriz, quando ela foi inaugurada em 1975.

Como se vê, era um Museu eclético, não temático como muitos existentes pelo Brasil e pelo mundo. Não se podia compará-lo, porque era diferente. E bem por isso tornava-se rico porque misturava todos esses elementos das mais diversas épocas, compondo um mosaico de preciosidades que encantava quem o visitasse.
E como o Museu recebia visitante! Ônibus de excursões estacionam as dezenas semanalmente ao redor da Praça, trazendo professores, estudantes, curiosos, historiadores e os mais variados turistas.

Lembro-me bem disso tudo porque, quando criança e em minha juventude, morador do entorno do prédio, passei várias tardes conversando com seus funcionários. Entre eles seu Luiz Nascimento, autodidata em história que conhecia tudo sobre a epopéia Farroupilha e Anita e Garibaldi e que costumava ciceronear os visitantes; havia ainda o Joaquim (Quinca) Domiciano e o Waldemar Medeiros da Silva, mais conhecido como Pulga.
Como responsável pelo Museu, Jorge Marcondes, mais conhecido como Jorge da Santinha e bem depois o Manuel Américo de Barros. Houve outros funcionários é bem verdade, mas esses citados fazem parte de minhas lembranças.
De tanto observar em silêncio as explicações e as demonstrações do seu Luiz Nascimento, aprendi muito, ao ponto de seu Luiz algumas vezes me solicitar que o ajudasse com os muitos turistas. Penso que vem daí meu gosto pela História, desde os 12, 13 anos. Bem por isso conhecia cada peça do Museu.

Pois há alguns anos apareceu por aqui um museólogo do patrimônio histórico e com autorização do órgão alterou todo o acervo do Museu. Inúmeras peças foram retiradas e depositadas no tal de acervo técnico, então situado na sala fechada ao norte do prédio.
Pelo novo projeto proposto não se admitiu a miscelânea de peças e que por isso mesmo, por esse diferencial, repito, compunha seu maior valor.
De nada adiantaram as súplicas de alguns lagunenses para que não se mexesse e se alterasse o acervo do Museu. As alterações foram feitas porque o poder pode tudo e alguns profissionais dizem-se profundos conhecedores dessa área, mormente quando concluem cursos superiores, pós-graduações e mestrados.

Fiz toda esta introdução, que já se alonga em demasia, para que o leitor mais jovem tenha uma panorâmica do é o Museu e o que ele representa e representou para nossos antepassados e para todos nós, lagunenses que ainda se preocupam com essa terra e com sua história e que não vivem de apenas sugá-la para depois jogar o bagaço fora.

Esta iniciação serve também para o post (matéria) que estou finalizando e que vou publicar na continuação, sobre a atual situação do Museu Anita Garibaldi.

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