sábado, 20 de abril de 2013

Antiga estação rodoviária da Laguna

Quem não se recorda deste prédio aí da foto? (Os que têm menos de 30 anos talvez não lembrem). Durante anos foi ponto de embarque/desembarque de passageiros, antiga estação rodoviária da Laguna. Fiz a foto poucas semanas antes de sua derrubada, em 1988. no começo da década de 90.
Foi construída na década de 40, inaugurada em 1945, durante a gestão do prefeito Giocondo Tasso (01/03/36 a 02/01/48). Foram construtores Paulo e Pedro Mendonça.

Nossa antiga rodoviária, situada na Rua Gustavo Richard, foi plataforma de estação. De “Encontros e Despedidas”, como na música de Milton Nascimento e Fernando Brandt, interpretada por Maria Rita:

“A plataforma desta estação é a vida deste meu lugar. Tem gente que vem e quer voltar, tem gente que vai e quer ficar. Tem gente que veio só olhar, tem gente a sorrir e a chorar”.

É evidente que a Estação a que se refere Milton/Brandt, é a vida que não termina com a partida.

“Todos os dias é um vai e vem”(...)

Ônibus bem sujos, não? No fundo o Posto Esso
Aliás, o próprio Milton Nascimento há alguns anos cantou essa música num palco montado bem ali, praticamente onde era a Estação.
Estação rodoviária é  um local principalmente de olhares... Olhares breves, rápidos, passageiros...
Estação Rodoviária respira vida. Gera expectativas. Quem chega? Quem parte?
É meio de contato com o mundo. Local de sonhos e decepções. De corações aflitos, de angústias e emoções, alegrias e tristezas.  Saudades...

“E assim chegar e partir são só dois lados da mesma viagem”.

A antiga rodoviária era também refúgio de bêbados, malandros, cambistas, bicheiros, engraxates. Possuía dois bares (Café e Bar Central), lanchonetes, lados Norte e Sul, e agências rodoviárias. Lembro-me das empresas Santo Anjo, Alvorada, Critur... Na parte de cima funcionava alguns escritórios de despachantes, fotos Vieira e Santana, auto-escola Santo Antônio. Subia-se ao piso superior por uma escada lateral, estreita, meio caracol, mal-cheirosa, mal iluminada. Ao lado, à entrada, na calçada estreita, tradicionalmente uma placa e o cartaz do filme que o Cine Roma exibia. (outro cartaz, este do Cine Mussi, ficava defronte à Farmácia Sebolt, na rua Raulino Horn).

O cartaz do Cine Roma e a cadeira de engraxate eram parte do cenário
“Me dê uma abraço, venha me apertar, to chegando. Coisa que gosto é poder partir sem ter planos. Melhor ainda é poder voltar quando quero”.

Quem não lembra do seu “Maneca Camiseta”, como era carinhosamente chamado, sempre por ali, com seu radinho a pilha ligado e sintonizado nas Rádios Globo ou Tupi, com frio, chuva, vestindo camiseta física, ou de mangas curtas, por isso o seu apelido?
Seu Maneca, quando solicitado, ia levar e buscar, a qualquer hora, muitos estudantes, senhoras e moças que chegavam ou partiam de madrugada.
Quando batia o vento sul, salve-se quem puder, o local virava uma geladeira. Uma lestada, então, molhava toda a plataforma.

O prédio foi demolido no último ano do governo do prefeito João Gualberto Pereira (1985-1988) Nelson Abrahão Netto (1989-1992) para ampliação e reurbanização da citada avenida. E para melhorar o desfile de carnaval que já vinha sendo realizado no local desde 1987. Em três dias os entulhos foram retirados.

Escritório da empresa Santo Anjo e a banca de alho, laranja...

Junto ao prédio da rodoviária, havia na rua Gustavo Richard duas edificações, uma de cada lado, fazendo extrema, que serviam para abastecimentos de veículos. Verdadeiramente postos de combustível, de tamanhos para os padrões de hoje, considerados minúsculos.
Mas eram nesses locais que os motoristas da Laguna abasteciam seus carros. Lembro-me que o situado ao Norte (Atlantic) era de propriedade do progenitor do advogado Sandro Cunha, seu Nilton Cunha.
O outro posto, Esso, ficava defronte à rua XV de Novembro, de propriedade dos Irmãos Cabral, Carlos e Francisco.
Aliás, observe na foto, bem no centro, o prédio do extinto Hotel Paraíso, e à direita, a Casa Comercial Rodolpho Luciano Pereira (pai da d. Bega, do Juka da Livraria, não tem?).


Foi o ex-prefeito Nelson Jorge Tadeu Zanini quem transferiu o carnaval de trios elétricos e/ou carros de som, para o bairro Mar Grosso, já que o Centro Histórico estava sendo destruído a cada folia de Momo. O Jardim Calheiros da Graça, na Praça Vidal Ramos, virava teatro de guerra, ficando ao final da festa completamente destruído.
Mas isso é outra história que já contei aqui tempos atrás.

8 comentários:

  1. PARABÉNS PELA MATÉRIA!!Conhecer o passado e confrontá-lo com o presente amplia a visão para o futuro!

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  2. Valmir alguns pontos eu acho que houve engano na informação. Demolição do prédio foi na administração do João Gualberto Pereira. E o Carnaval dos Trios elétricos na praia começou na administração de Jorge Tadeu Zanini. Com o Nelsinho prefeito o carnaval ocorria na praça entre o Chedão e o Pardal´s, e o trio era o Som Cassiano(que ficou fazendo o carnaval de Laguna durante 5 anos, 1 do Joãozinho e 4 do Nelsinho), na época não era banda e sim som mecânico. Na praia durante o dia é que tinha shows na frente do Baleia Branca mas a noite era no centro. Zanini quando assumiu a prefeitura tirou o Som Cassiano e colocou o som da PRÓ-SOM de Tubarão e o primeiro trio elétrico foi o do Marinaldo de péssima qualidade que ficou em frente ao Conservatório ao lado da igreja, onde o pessoal jogava lata neles, e foram vaiados pelos foliões, tocaram apenas na sexta de carnaval e nos outros dias foram substituídos pela bandas Caravale e Suor e Ritmo, as duas até hoje tocam no carnaval da praia. Luís Eduardo Ulysséa Rollin

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  3. Prezado Rollin, tuas informações estão corretíssimas, já as corrigi no texto. A rodoviária foi demolida no último ano do governo de João Gualberto Pereira (1988). Hoje pela manhã, coincidentemente, encontrei o ex-prefeito Joãozinho passando aqui defronte de casa e ele me confirmou, inclusive ficou de conseguir uma foto da derrubada que se deu em três dias. Agradeço as informações que servirão de base para futuros escritos sobre o carnaval.

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  4. Caro, Valmir,

    Você pode me passar essas fotos em maior qualidade se possuir, e se possível uma lista das empresas que operaram o transporte coletivo na terra de Anita.

    Luis

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    1. Não tenho lista de empresas, as que me lembro citei no texto e as fotos estão em baixa resolução.
      Agradeço a leitura.

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  5. Adoreii.. estava mesmo tentando descobrir a data de demolição do edifício. Você percebeu que ele foi demolido após o tombamento do conjunto pelo IPHAN ? Por que será que foi permitido? Não estou dizendo que sou contra ou a favor da demolição é apenas uma curiosidade. (No IPHAN,não encontrei informações à respeito).

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  6. Prezada, até onde sei, houve consenso no Iphan quanto à retirada (demolição) do velho prédio da rodoviária porque ele estaria obstaculizando (tapando) os velhos casarios. Foi feito uma espécie de "limpeza visual" no local. Foi, se me lembro, o alegado à época.
    Agradeço a leitura

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  7. Parabéns👍 eu quando criança viajei muitas vezes, de Laguna p. Curitiba com minha mãe, embarcavamos na rodo..antiga de madrugada com o vento era triste. Legal a matéria,abraço 👍

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