Nos últimos anos por mudanças e alterações em muitas de nossas tradições, perdemos
a identidade nas mais variadas manifestações culturais.
O patrimônio
imaterial da Laguna está indo para o espaço, essa é que é a verdade. E o que é
isso? Pois bem. Patrimônio cultural abrange as expressões culturais e as tradições que um
grupo de indivíduos preserva em respeito da sua ancestralidade, para as gerações
futuras. São os usos e costumes.
“São exemplos
de patrimônio imaterial: as formas de expressão, celebrações, as festas e danças populares, lendas, músicas,
costumes e outras tradições”.
Para muitos
estudiosos do tema, patrimônio imaterial possui muito mais valor
do que um imóvel tombado, por exemplo. E deve ser igualmente tombado, protegido, preservado.
Abaixo cito três exemplos de perdas:
Abaixo cito três exemplos de perdas:
Carnaval das Escolas de Samba
Não vou me
estender e entrar em maiores detalhes, mas um dos motivos -se não o maior- pelo qual o nosso
carnaval de Escolas de Samba definhou, foi a mudança do local dos desfiles. Na
época alertei no meu primeiro Blog sobre isso. Recebi inúmeras críticas, principalmente
por parte de alguns deslumbrados dirigentes carnavalescos. O tempo mostrou quem tinha razão.
Pois bem. Com
a criação - por mera decisão política, até no nome de batismo do local - do sambódromo, em 2007, hoje um elefante
branco, o carnaval lagunense definhou. Seja pela área distante do centro e/ou
falta de infraestrutura e segurança daquela área.
Nos poucos anos
de realização do desfile, as arquibancadas, com cerca de 5 mil lugares, nunca lotaram.
Além disso, o tradicional pré-carnaval na rua Raulino Horn ficou inviabilizado
pela chamada revitalização desta via que foi estreitada, além de receber lombadas em suas esquinas. Um roteiro histórico do carnaval que se foi.
Semana Cultural
A Semana
Cultural foi outra tradição que perdeu-se em sua data e realização. Criada em
1981, pelo prefeito Mário José Remor, com ideias e concepção de José Paulo
Arantes, Salun Nacif e Abelardo Calil Bulos, a “Semana” sempre foi realizada de
23 a 29 de julho de cada ano.
Intenção era
aproveitar as férias escolares e promover um turismo cultural em nossa cidade, num
mês frio e sem maiores atrativos, com a rede hoteleira e de restaurante, ociosa. Eram promovidas inúmeras atrações nesse período:
exposições, gincanas, culinária, desfiles, bandas, danças, corais, teatros, aniversário
da cidade no dia 29, com corte de bolo, etc.
Pois bem. De
uns anos para cá, sucessivas gestões, sem critério algum, às vezes por mera decisão pessoal, mexeram na data, que
hoje não é mais fixa. Tanto é verdade que este ano ela será realizada "de 30 de agosto a início de setembro" como informa o site da prefeitura. Não estranhem
se daqui a pouco a Semana comece a ser realizada em dezembro ou janeiro.
Como fazer um
calendário turístico e cultural assim? Como se organizar e planejar ano a ano?
Já abordei esse assunto há algum tempo, em 2013. Para ler mais clique aqui
Já abordei esse assunto há algum tempo, em 2013. Para ler mais clique aqui
Roteiro da transladação de Santo Antônio dos Anjos
Eis outra
tradição, essa de roteiro, que se está perdendo.
Há dezenas de anos a transladação se dá por determinadas ruas e avenidas da Laguna, alternando-se sua partida ora da igreja dos Navegantes, no Magalhães, ora da igreja da Nossa Senhora Auxiliadora, da Roseta.
Há dezenas de anos a transladação se dá por determinadas ruas e avenidas da Laguna, alternando-se sua partida ora da igreja dos Navegantes, no Magalhães, ora da igreja da Nossa Senhora Auxiliadora, da Roseta.
E o que
fizeram? Alteraram o início para à igreja Sta. Terezinha, no Mar Grosso, no ano
passado; e este ano da Capela Coração de Jesus, do Portinho. Lá se foi pras cucuias
o patrimônio imaterial, a tradição da festa do padroeiro. E nem vou abordar
aqui os transtornos causados pela distância, insegurança, trânsito e cansaço de
fieis e músicos das bandas.
Há que se ter
muito cuidado em mexer em tradições de um povo, modo de fazer, data, local e
roteiro, principalmente em função de decisões pessoais, às vezes meras vaidades de alguns, sob sérios riscos de inviabilizá-las
para todo o sempre.
Não é o que está acontecendo, sob o silêncio, cumplicidade e beneplácito de muitos ?
Não é o que está acontecendo, sob o silêncio, cumplicidade e beneplácito de muitos ?
Bem isso Valmir. Estamos perdendo nossas tradições. E pior. Com a conivência dos vereadores que dizem nos representar.
ResponderExcluirGeraldo de Jesus
Se é fato que cada vez mais o povo de afasta da Igreja, fazê-lo se penitenciar com uma trasladação de trajeto inominável, é incentivar que os fieis realmente abandonem o gesto junino anual!
ResponderExcluirCito também a mortandade de botos de nossa lagoa tbm como perda de nosso patrimonio imaterial. Nesse ritmo chegaremos ao Laguna já teve pesca com auxílio dos botos. Triste demais.
ResponderExcluirBem lembrado, Thaís.
ExcluirAlém da tristeza que vem, inevitavelmente, ao lembrar tudo isso que estamos perdendo, fica-se com a impressão de que Laguna vai deixando de ser Laguna. Estamos nos tornando um município sem identidade, que se esqueceu do seu passado e não sabe para onde caminha. Laguna hoje é uma cidade sem rumo, refém da incompetência e falta de visão e projetos de sua classe política. Temos tudo para dar certo, resta saber quando este dia vai chegar.
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