domingo, 29 de julho de 2012

Um viajante no passado se apaixona por Laguna

Viajantes, mesmo no passado, se deslumbraram com Laguna. Muitos deles deixaram testemunhos, imparciais e justos sobre a nossa terra.
Quantos foram ficando e ficaram em definitivo e mesmo nos dias de hoje, apaixonados, continuam adotando esse torrão?

Charles Maximiliano Luiz Van Lede, pesquisador e engenheiro, delegado da sociedade belga de colonização, que esteve por aqui em 1843, hóspede do Coronel França, com sua casa situada ali na Paixão, em sua obra “Colonização do Brasil”, na parte que nos toca diz:

“A Vila está assentada sobre a margem da lagoa de que tira o nome, em um pequeno vale, situado entre os diferentes picos pouco elevados, de formação granítica, que formam o morro do Magalhães. Da casa do Coronel França descortinamos quase toda a Laguna; em frente ao noroeste víamos os morros do Parobé. Ao sudoeste, em distância, prolongamento dos da Mãe Luzia. Pela frente, perto de nós, o embarcadouro e o porto, onde alguns brigues e outros navios de menor importância estavam fundeados.
Miríades de pássaros aquáticos ocupavam pela manhã as coroas cobertas de capim e peris formadas na lagoa, e muitos cetáceos vinham revolver-se nestas águas tão tranquilas quando o vento não as encrespava”.

E Van Lede, certamente entre suspiros no surgir dos primeiros albores, lastima aqui não ter nascido:
“A manhã era belíssima, e os primeiros raios do sol nascente davam a este quadro um tão deslumbrante aspecto, que nós nos surpreendemos, lamentando que não fosse esta a nossa terra natal”.

Mais adiante, depois de algumas considerações sobre a Vila, o viajante e escritor continua descrevendo o cenário:

“Os contornos graciosos que debuxam as três lagoas que se espalham ante o espectador, e das quais um só golpe de vista pode abranger o todo, as duzentas ou trezentas léguas quadradas das florestas virgens que preenchem os intervalos dos morros de que acabamos de dar a narrativa, e os encantadores contrastes que oferecem as porções arroteadas da pequena cadeia do Parobé ou do Sambaqui, cujo sopé serve de limite ocidental à lagoa, tudo isso forma realmente um quadro belo.
Ainda que não se contemple senão os morros onde se ache o observador, quanto assunto de admiração, de deslumbramento!

E por fim arremata, num misto de angústia e deslumbramento:

“Tudo isto é tão belo, que, bem a nosso pesar, sentimos que essa terra não seja a nossa pátria, ou ao menos, que ela não possa ser deslocada com sua vegetação tão bela e o seu clima tão temperado”.

Um comentário:

  1. Poesia simplesmente linda! Linda como nossa Laguna! Lamento apenas que os que daqui são, não enxergam tamanha beleza; e os que aqui governam, tenham olhos somente para os próprios bolsos. Laguna, com certeza, merece mais compreensão e amor.

    Richardson.

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