Abrir mão de arrecadação? Em plena temporada? Nada como uma cidade rica
É de se questionar o decreto anunciado semana passada pela Fundação Lagunense de Cultura, através de seu presidente Norton de Araújo Mattos, e assinada pelo prefeito Everaldo dos Santos, em suspender (isentar) até 6 de março de 2016, a cobrança de ingressos para os dois museus lagunenses, Anita Garibaldi e Casa de Anita.
Abrir mão de arrecadação? Nada como uma cidade rica.
É de se questionar o decreto anunciado semana passada pela Fundação Lagunense de Cultura, através de seu presidente Norton de Araújo Mattos, e assinada pelo prefeito Everaldo dos Santos, em suspender (isentar) até 6 de março de 2016, a cobrança de ingressos para os dois museus lagunenses, Anita Garibaldi e Casa de Anita.
Abrir mão de arrecadação? Nada como uma cidade rica.
Gratuidade
fomentaria o turismo?
A alegação é de que tal medida fomentará o
turismo na Laguna.
Como assim? Justamente agora nesse período de
temporada de veraneio que se inicia?
Mas não cantam e contam em versos e prosas que
Laguna vai receber milhares de turistas? Há pouco tempo não queriam (ainda
querem?) cobrar uma chamada “taxa de turismo” do visitante para ingressar na
Laguna?
Na grande maioria dos museus do mundo cobra-se
ingresso do público para visitação, com as devidas isenções de praxe previstas
em lei, é óbvio.
Não cobrar ingresso penso que vai de encontro
a princípios de administração de se autogerir um negócio.
Não há dinheiro nem para merendas nas escolas e abre-se mão de arrecadação. Cidade rica é outra história...
Não há dinheiro nem para merendas nas escolas e abre-se mão de arrecadação. Cidade rica é outra história...
Realizar promoção em dias da semana, reduzir o
valor do ingresso, buscar atrair o visitante com uma maior divulgação do
acervo, etc. são medidas aconselháveis e até bem vindas.
A gratuidade de ingresso penso ser uma medida que
pode ser simpática em princípio para alguns, mas é contraproducente em seu
final. Uma medida meio popularesca até.
Então, para ser coerente, que não se limite
até março de 2016, que se estenda a medida, inclusive - e principalmente - na
baixa temporada.
Cobrança
de ingressos é questão de gestão, de gerenciamento autossustentável
A cobrança de ingressos para os dois Museus da
Laguna é uma questão de gestão, em minha opinião.
Dizem os técnicos da área que os museus devem
ser mais autônomos e, por consequência, mais sustentáveis, com isso tornando-se
mais eficientes e com qualidade nos serviços prestados ao público.
Não é isso que pregamos tanto na iniciativa
privada como no serviço público? O gerenciamento autossustentável?
Bem por isso, técnicos e estudiosos da área
recomendam que os museus devem atrair, seduzir e convencer as pessoas a pagarem
ingressos para suas exposições. Inclusive com o oferecimento de produtos, as
chamadas lojinhas, tais como cartões postais, livros, livretos, canecas,
calendários, réplicas de objetos, pingentes, broches, etc., no afã de captar
recursos do público. Evidentemente que recursos bem administrados.
Por exemplo. No governo do ex-prefeito Nelson Abrahão Neto (1989-1992), os ingressos em maior tamanho estampavam obras de artistas plásticos lagunenses, como Chachá, Artur Cook e outros, que reproduziam paisagens da nossa Laguna. Quer dizer, além de prestigiar a classe, o próprio ticket era um souvenir, uma lembrança que o turista desejava levar.
Por exemplo. No governo do ex-prefeito Nelson Abrahão Neto (1989-1992), os ingressos em maior tamanho estampavam obras de artistas plásticos lagunenses, como Chachá, Artur Cook e outros, que reproduziam paisagens da nossa Laguna. Quer dizer, além de prestigiar a classe, o próprio ticket era um souvenir, uma lembrança que o turista desejava levar.
Na Laguna se faz exatamente o inverso.
Institui-se a gratuidade para tudo. Pouco ou nada é explorado em prol do desenvolvimento
da cidade, do verdadeiro fomento turístico.
Os Molhes da Barra e o Morro da Glória são
dois exemplos - há outros - de pontos turísticos que bem poderiam dar retorno diretamente. Não dão.
Arrecadação
tem de ser controlada e fiscalizada
Como as dotações orçamentárias governamentais para
os museus são pequenas ou até inexistentes, é necessária a captação de
recursos, e um dos meios mais rápidos é através da cobrança de ingressos.
Com isso os próprios recursos arrecadados
servem à manutenção dos prédios e pequenos reparos, além de aquisição de
material de limpeza, higiene, expediente e até pagamento de salários.
Arrecadação
com transparência
Evidentemente que essa arrecadação tem de ser
devidamente fiscalizada, com emissão de tickets, recibos, controle através de
catracas de visitantes, além da publicação no Diário Oficial de balancetes
mensais e anuais com números arrecadados e de visitantes.
Desconhecemos nos últimos anos na Laguna a
divulgação desses balancetes, números de visitantes nos dois Museus, origens, totais
arrecadados. Como era (e é) feito o controle? Tickets, recibos eram expedidos?
Museus sem
a devida atenção
Há muitos anos, essa é que é a realidade, os
dois museus da Laguna não recebem a devida atenção por parte do poder público.
Museu Anita
Garibaldi
O Museu Anita Garibaldi até passou por uma
reforma e revitalização há poucos anos, mas várias peças de seu acervo ficaram
depositadas em outros locais, perderam-se, estragaram-se devido às obras
realizadas. Algumas teriam até sumido.
Até hoje, por exemplo, não foi elaborado o seu
Plano Museológico. Sabe que uma empresa foi contratada para realização do
serviço mas a licitação foi parar na justiça.
Museu
Casa de Anita
A chamada Casa de Anita está precisando de
reforma e pintura, há goteiras, umidade, mofo. Sem falar numa iluminação
interna mais condizente e externa não existente.
E funcionários com mais conhecimento de
história e do acervo que possam acompanhar os visitantes. Os dois Museus da
Laguna praticamente estão nas mãos de estagiários que nem são ligados à área e
demonstram, muitos deles, completo desconhecimento de seu trabalho.
Há que saber aproveitar as potencialidades que
nossa cidade oferece, suas belezas naturais aliadas a uma boa infraestrutura
que permita melhores acessos, sanitários, etc.
Assim fomentaríamos verdadeiramente o turismo
em nossa cidade. No meu entender não precisamos de medidas paliativas. Que
podem até dar manchetes simpáticas é bem verdade, mas não resolvem nem um pouco
os problemas.
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