Era para ser um passeio tranquilo para
apreciar o mar, tomar um banho e se refrescar com a família, num dia quente.
Mas em poucos segundos a calmaria virou desespero quando a adolescente A. de 16
anos e seu irmão T. 21 anos foram arrastados pela correnteza nas imediações da
praia do Iró, na tarde desta quinta-feira (19).
Uma guarnição da Polícia Militar, que passava
nas proximidades, viu a movimentação e os pedidos de socorro. O irmão, que
acompanhava a garota, não conseguiu salvá-la e acabou sendo levado pelas ondas.
Soldado
Luiz Felipe Guedes
acompanhou as vítimas até o hospital.
|
O soldado Luiz Felipe Guedes Paines de Almeida entrou no mar,
com o uniforme, retirou apenas seus equipamentos de trabalho (colete, cinto de
guarnição e armamento) e não perdeu tempo em pensar muito. "Tive que agir
rápido", contou.
Ainda fardado nadou até uma das vítimas, um homem
de 21 anos, já próximo a um banco de areia, e prosseguiu o salvamento até a
adolescente de 16 anos.
Um fraco vento nordeste prevalecia na tarde
deste dia 19, com o mar agitado, a correnteza afastava a jovem cada vez mais da
praia.
Na areia, a torcida era grande. Uns olhavam
com lágrimas nos olhos, outros gritavam mostrando para onde a força das ondas
levava a jovem. A ação demorou 20 minutos. Nos braços do soldado, a garota saiu
da água consciente e exausta. Chorando muito, chamava os pais, de mãos dadas
com o seu salvador.
Na areia, o soldado David Garcia Silva,
acionou uma guarnição do Corpo de Bombeiro Militar da Laguna.
Passado o susto, vendo a jovem recuperada,
quem precisou ser levado ao setor de emergência do hospital foi o soldado devido
à falta de ar pelo esforço físico. Recomposto voltou à Guarnição e recebeu
aplausos dos colegas. Luiz Felipe Guedes é de Alegrete (RS),. Aprovado em concurso está em nossa cidade há dois anos.
Soldados David Garcia Silva e Luiz Felipe Guedes. Ao centro o comandante tenente-coronel Jefer Francisco Fernandes. |
O comandante da Guarnição Especial de Policia
Militar da Laguna, tenente-coronel Jefer Francisco Fernandes, recebeu em seu
gabinete os policias militares envolvidos na ocorrência, enaltecendo o ato de
coragem de bravura do soldado Guedes (à direita, na foto), por ter arriscado sua própria vida para salvar
a vida do próximo, honrando a Instituição Policial Militar.
Perigo
chamado “corrente de retorno”
Quem presenciou a cena descreveu que a jovem
foi vítima de uma corrente de retorno. Segundo estatísticas do Corpo de
Bombeiros de Santa Catarina, 80% dos afogamentos são provenientes deste
fenômeno.
O vai e vem de ondas no mar produzem um fluxo.
Quando as ondas arrebentam na areia, a água que se acumula na beira da praia volta para o mar e, com isso, cria uma corrente de retorno. Na temporada de
verão os salva-vidas costumam colocar bandeiras vermelhas na areia para
indicar essas correntes perigosas.
Os bombeiros alertam: caso o banhista fique preso
em uma corrente, o mais importante é que ele mantenha a calma. Se ele souber
nadar ou boiar, a corrente não vai fazer com que ele afunde. O ideal, segundo
os especialistas, é nadar paralelamente à praia até encontrar algum banco de
areia, onde ele consiga apoiar os pés no chão. A partir daí, é possível esperar
as ondas maiores e nadar junto delas até a beira da praia.
Sinais e
características das correntes de retorno:
- Água
marrom e descolorada, devido à agitação da areia do fundo, causada pelo retorno
das águas;
- Água
com tonalidade mais escura, devido à maior profundidade, sendo atrativas para
banhistas desavisados;
- Água
mais fria após a linha de arrebentação, significando o retorno de águas mais profundas;
- Ondas
quebram com menor frequência ou nem chegam a quebrar, devido ao retorno das águas
e à maior profundidade;
- Local
onde ocorre a junção de duas ondas provindas de sentidos opostos;
- Local
por onde o surfista experiente geralmente entra no mar;
Nas
marés baixas, formam ondas do tipo buraco, alimentadas pela água em seu
retorno;
- Pequenas
ondulações na superfície da água, causando um reboliço, em virtude da água em
movimento (pescoço da vala);
- Espuma
e mancha de sedimentos na superfície, além da arrebentação, onde a vala perde a
sua força (cabeça da vala);
- Ocupação
de uma faixa maior de areia, devido ao maior volume de água, provocando uma
sinuosidade ao longo da praia (boca da vala);
- Mais
difíceis de serem identificadas em dias de vento forte e mares agitados;
- Mais
evidentes em marés baixas;
- Perda da
força de 5 a 50 metros após a linha de arrebentação.
Fonte: PML/Divulgação. Fotos: Divulgação Polícia Militar da Laguna
Nenhum comentário:
Postar um comentário