segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Catarina: no batuque do samba

Na certidão de nascimento foi registrado como Antônio Souza, nascido lagunense em 18 de maio de 1921. Mas se alguém  o procurasse pelo nome, dificilmente o encontraria.
Antônio Souza, o Catarina. Foto: Valmir Guedes Jr.
Já “Catarina” todos conheciam, alcunha carinhosa recebida do amigo, também de saudosa memória, João Juvêncio Martins, o João “salame”.

Catarina era aposentado do porto da Laguna e trabalhou no Colégio Comercial Lagunense (CCL).

Começou cedo no samba. Jovem tocava na bateria da Escola de Samba Brinca Quem Pode, da Roseta, mas morava no morro, nos altos da escadaria da rua Voluntário Benevides, bem ao lado da sede da Escola de Samba Mangueira.
Não deu outra. Virou mangueirense tocando pandeiro, instrumento que igualmente executava no famoso bloco CACARECO, de “seu” Íris, do bairro Magalhães.
Depois, com a cisão da Escola de Samba Mangueira, foi um dos fundadores da Escola de Samba Vila Isabel, em 13 de maio de 1958, juntamente com Primitivo Santos, Gerenaldo Rosa, Osmar Fernandes.
A sede da agremiação no início foi em sua casa, nos altos da rua Júlia Nascimento, no Morro da Nalha. Depois foi construída num terreno bem ao lado.
Hoje a sede da Escola Vila Isabel está situada na rua Osvaldo Aranha.
 
"Seu" Catarina, com sua inseparável cuíca, no quintal de sua casa, 
nos altos do Morro da Nalha, em 1996, quando o fotografei.
Tocou a primeira cuíca no ano de 1970, emprestada por Manoel (Maneca) Fortes, no bar e restaurante Monte Carlo, palco de gloriosas serestas e rodas de samba. Não parou mais. Foram tantos carnavais...

Foi trompista da S.M. Carlos Gomes de 1937 a 1977; e S.M. União dos Artistas, de 1977 a 1982.

Integrou por mais de 30 anos, o Regional da Glorinha, tocando reco-reco.

Em 2004 foi homenageado como tema-enredo da Escola de Samba Vila Isabel.
Em 2010, o "Embaixador do Samba" como "seu" Catarina foi denominado pelos carnavalescos e imprensa, foi homenageado na 29ª Semana Cultural da Laguna, inclusive com uma Noite de Seresta. Por estar acamado, uma de suas filhas recebeu a homenagem em seu nome.

Casado com dª Maria do Carmo, companheira sempre presente em todos os momentos de sua vida. O casal teve seis filhos: Álvaro - o Vavo, já falecido -, Mário (Marecha), Antônio José, Neusa, Marilda e Maria Aparecida, que herdaram o batuque nos pés, o samba no sangue e o amor à Vila Isabel no coração.

Aos 89 anos, por problemas na saúde, afastou-se dos desfiles de sua Escola de Samba do coração, mas sua paixão pela música e samba foi eterna.
Eis um velho sambista da Laguna que sempre mereceu o carinho e os aplausos do público.
Faleceu numa manhã de domingo, 19 de julho de 2015, aos 94 anos.

2 comentários:

  1. Conhecia de vista, hora nos desfiles hora nas bandas. Muito bom relembrar as pessoas que contribuiram com a cultura de Laguna.Nos dias de hoje com poucos bom exemplos pra se mostrar, meus parabens Valmir,por lembrar de pessoas de bem. Até porque " Quem não gosta de samba, bom sujeito não é".

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  2. Catarina! Significado: samba, cuíca é alegria. Seu Catarina era bem isto!

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