sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Folião Pepinha

Antônio Paulo dos Reis, 73 anos, é personagem na história do nosso carnaval. Rei no nome e estrela solitária, brilhando em seu pequeno mundo.
Pepinha, como é conhecido, é a imagem do último folião lagunense. Folião de Semana Santa, Procissão de Corpus Christi, Santo Antônio dos Anjos, Semana da Pátria e Quarta-Feira de Cinzas...
O encontrei agora mesmo, na rua Pinto Bandeira (rua das cozinhas), fazendo caras e bocas e esperando uma inexistente Escola de Samba passar. Este ano não, Pepinha, este ano não.

Era craque de bola, jogou no Barriga Verde F.C. Tímido e com suas pernas finas, usava uma calça por baixo do calção. 
Vestiu também a camisa do aspirante do antigo Peñarol.
Depois, foi para o Metropol de Criciúma e o trocou pelo palco da avenida. Em algum momento lá no longínquo passado, em plena semana de carnaval, disse ao técnico do time que viajaria para Laguna. Coisa rápida. Veio. Nunca mais retornou ao futebol.

Sem o, digamos, combustível etílico, é um sujeito tímido, de pouca conversa. Passa aqui pela frente de casa pedalando calmamente sua bicicleta, irreconhecível.

Pepinha e suas caras e bocas.
Foto: Ronaldo Amboni
Mas quando menos se espera, surge no meio da rua, a qualquer hora do dia ou da noite, sob a luz do samba, cantando, cantando...
Era Brinca Quem Pode, mas há muitos anos quando ouviu o Helinho cantar um samba enredo, sucesso da Vila Isabel, trocou de Escola. Desde então seu repertório ficou exclusivo, individual, único. De uma nota só.

Cá pra nós, leitor, quem sabe não sejam lembranças de um amor de outrora, de uma sinhazinha utópica criada não pela sua mente, mas desejada pelo seu coração?
Nunca saberemos.
Vá, folião Pepinha, canta, sorria, não deixa o samba morrer, seja eterno no teu único verso:

“VEM CÁ, SINHAZINHA, VEM CÁ”.

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