quinta-feira, 21 de março de 2019

Faleceu Eraldo Silveira

Faleceu ontem, quinta-feira (20), em Criciúma, onde estava radicado, o lagunense, advogado e ex-radialista, Eraldo Silveira, aos 75 anos. Foi sepultado naquela cidade. Deixa os filhos Nalú, Fabrício (em memória), Ilana, Juana Maria e Juliana Maria. E os netos Ana Sofia, Manoela, Ana Laura, Valentina, Arthur e Fabrício.
Sentimentos aos familiares e amigos. 

Eraldo era um apaixonado por poesia. Em 1999, juntamente com sua esposa Clélia Mara Fontanella Silveira, lançou o livro "O Voo dos pássaros". Clélia faleceu em 13 de dezembro de 2017.
Foi sócio da Loja Renner (que substituiu A Principal, de Tancredo Mattos) em nossa cidade, juntamente com seu irmão Evilásio Silveira e o João Alfaiate.
 Depois de deixar o rádio lagunense, Eraldo foi, em 1974, para o Rio Grande do Sul estudar, onde formou-se em Direito pela Unisinos, em São Leopoldo, satisfazendo assim um desejo profissional.
Eraldo Silveira, em foto de João Carlos Wilke.
No finalzinho da década de 50 e principalmente durante a década de 60, apresentou diversos programas pelas Rádios Difusora e Garibaldi da Laguna. Foram musicais e principalmente as chamadas radionovelas. Um dos seus programas de maior sucesso foi "A história de uma música". 
Outro programa de grande audiência foi  "Cartas que não chegaram". "Salão Grená", um programa de música e poesia também marcou época. Era uma imitação de um programa homônimo apresentado por Collid Filho, pela Rádio Tupi do Rio de Janeiro. A música Fascinação na voz de Carlos Galhardo era o prefixo musical do programa. Eraldo também participou de equipes de reportagem de cobertura dos desfiles do nosso carnaval e apresentou programas no auditório da Rádio Difusora.


O carnaval da Laguna visto de cima de um caminhão
Na foto abaixo, os jovens radialistas Carlos Araújo Horn e Eraldo Silveira, sobre o capô de um caminhão de distribuição do Chopp Polar, transmitem através de microfone sem fio, um luxo pra época, o carnaval da Laguna no começo da década de 1960.

Local: defronte ao prédio da Rádio Difusora, na rua XV de Novembro, na Praça Vidal Ramos.
Foto recebida dos arquivos memoriais e sentimentais de Carlinhos Horn.
Na Rádio Garibaldi
Atuou também pela Rádio Garibaldi durante muitos anos, onde apresentou e elaborou roteiros, junto a outros profissionais, da famosa novela "O Direito de Nascer", antes de ser televisionada. 
Era uma novela cubana, da década de 40, de Félix Caignet, de grande sucesso e montada, em sua primeira versão, pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro no início dos anos 1950. 

Eraldo também trabalhou na Câmara de Vereadores da Laguna, como assessor legislativo em 1962, quando aquela Casa era presidida pelo vereador  Manoel José de Oliveira (Cazuza). Aliás, mesmo que por pouco tempo, Eraldo assumiu como vereador, suplente que era do titular João Manoel Vicente, que havia entrado de licença de saúde por algumas semanas. Eraldo nunca escondeu sua decepção com a política. Logo depois, abandonou as hostes partidárias para nunca mais.

Do Pasquim ao Camboim
Em 1972, juntamente com seu irmão Evilásio, Eraldo fundou aqui na Laguna o jornal O Camboim, que seguia o estilo crítico e mordaz do hebdomadário O Pasquim, fundado em 1969 no Rio de Janeiro, e de grande sucesso nacional.
O Camboim ainda contava em seus quadros com Nivaldo Ulysséa Mattos, fazendo as sociais; Arthur Cook nas charges e Richard Calil Bullos, o saudoso Chachá, também com suas charges e escritos.

O jornal era crítico ao governo do prefeito Saul Baião, em seu último ano de mandato pela Arena, depois de romper com o grupo do deputado estadual Epitácio Bittencourt.
Posteriormente, juntamente com Nazil Bento, Eraldo montou uma gráfica, passando a imprimir o jornal Semanário de Notícias.

Os três irmãos Silveira radialistas : Eraldo, João Carlos e Evilásio, em foto rara, dos arquivos da Rádio Difusora da Laguna.
Wilke relembra trajetória de Eraldo
O radialista João Carlos Wilke, que conviveu com Eraldo, conta em um dos seus escritos publicado no jornal O Correio, que Eraldo Silveira encantava o ouvinte, principalmente quando da radiofonização de novelas, o chamado rádio-teatro.

 Wilke era bem jovem, mas recorda que participou de alguns capítulos interpretando o personagem Bruno, na novela O Direito de Nascer, produzida por Eraldo e transmitida pela Rádio Garibaldi, e que teve enorme audiência junto aos ouvintes lagunenses no período noturno.

O saudoso radialista Valmor Silva protagonizava o papel de Albertinho Limonta, filho de Maria Helena (filha de Dom Rafael) e que foi entregue aos cuidados de Mamãe Dolores. Um sucesso. Jucemar Otávio, Carlinhos Horn, Atanásio Silveira, Getúlio Ambrozini, Costinha e Arthur Cook foram alguns dos sonoplastas da novela.

   Uma novela sem fim  
Wilke ainda lembra -sorrindo do episódio- que a novela nunca chegou ao seu final, porque o livro com o roteiro dos últimos capítulos inexplicavelmente sumiu dos arquivos da emissora. O fato frustou centenas de ouvintes que acompanhavam apaixonadamente a novela e entrou para a história do rádio lagunense.

Dentre os nomes que fizeram rádio-teatro em nossa cidade, destacamos Reinalda Eighert, Francisco de Oliveira, Estelita Barreto, Safira Monteiro, Maria Laura Corrêa, Eraldo Silveira, José Ambrozini, Atanásio Silveira, João Carlos Silveira, Evilásio Silveira, Maria Estelita Barreto, José Agostinho, dentre tantos outros.


2 comentários:

  1. Nossa amada Laguna é rica em histórias. Lamento a partida de mais um lagunense de grande talento e sabedoria.

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  2. Grande perda. Valmir sempre recuperando nossas histórias.
    Edison de Andrade

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