quarta-feira, 31 de julho de 2019

Praça Vidal Ramos - Jardim Calheiros da Graça

Nos primeiros anos do século XX, comerciantes, armadores e autoridades da Laguna se reuniram para dar uma nova cara à cidade.
Foi criada, em 14 de julho de 1907, por iniciativa de Ataliba Goulart Rollin e seu cunhado José Guimarães (Juca) Cabral, uma “Comissão de Aformoseamento” para sugestões, projetos e arrecadação de numerários para as futuras obras.
O Jardim Calheiros da Graça na década de 1960. Cartão Postal/Foto Bacha
Entre elas a construção do cais em granito, passeios, calçamento de ruas, iluminação elétrica, etc.
O Jardim Calheiros da Graça na década de vinte, ainda com o muro e cerca de proteção, que foram retirados em 1925. Observe o pequeno tamanho das palmeiras na esquina da rua Santo Antônio com XV de Novembro. À direita na foto, a bandeira do Clube Blondin tremulando em sua antiga sede, onde hoje se situa o escritório do Iphan.

Entre 1914 e 1915 organizam o Jardim Calheiros da Graça com chafariz, palmeiras e iluminação. O local é inaugurado em 25 de abril de 1915, juntamente com o chafariz, construído por Marcos Gazola.
O Jardim Calheiros da Graça entre as décadas de 1930/40.

A Praça recebeu o nome de Vidal Ramos e o Jardim foi batizado como Calheiros da Graça.
Vez por outra lemos por aí – inclusive em releases distribuídas à imprensa - certa confusão entre os dois.

O Jardim é Calheiros da Graça e a Praça é Vidal Ramos
O Jardim fica situado na Praça. Segue o exemplo de Florianópolis, onde o Jardim Oliveira Belo fica na Praça XV de Novembro.
Então, quando flores são plantadas, quando bancos são instalados eles os são no Jardim, que fica situado na Praça. Nunca ao contrário.

Até hoje não entendo a não instalação naquela área, por parte de gestores que se sucederam na Laguna, de placas/bustos com uma pequena biografia de cada um dos homenageados: Calheiros da Graça e Vidal Ramos.

Aqui vai minha contribuição, com um texto-resumo de cada um deles, além de duas fotografias. Quem sabe a Fundação Lagunense de Cultura ou a de Turismo, ou a Fundação Irmã Vera, que está promovendo melhoramentos naquele local, não encampe a ideia e instale duas placas em acrílico ou vidro estampando esse dois vultos de nossa história?

Quem foi Francisco Calheiros da Graça

O Capitão-Tenente Francisco Calheiros da Graça, secretário da Repartição Hidrográfica no Rio de Janeiro, foi um dos primeiros técnicos do nosso Porto.
No recuado ano de 1886 elaborou diversos estudos e plantas classificando a situação da barra da Laguna como privilegiada, realçando como a natureza foi pródiga para com a Laguna, dando dois morros como barreira natural e o paredão de pedras ao sul. Com relação a este afirmou: “Tudo deve ser feito para evitar que se afaste o canal do paredão de pedras”.

Em seus estudos, por exemplo, consta que o molhe norte deveria ser construído praticamente em direção à Ilha dos Lobos. Já quanto ao molhe sul este nem precisaria existir.
Foi contrariado em seus projetos e pareceres. E depois de anos, outros engenheiros assassinaram o nosso porto, construindo erroneamente os molhes em forma de tenaz.

O lagunense deu o nome, merecidamente, de Calheiros da Graça ao seu principal jardim, e também a uma rua situada ali na Paixão. O tempo provou que ele estava correto em seus estudos. Outros engenheiros que por aqui passaram sumiram na urina da história. Se tivessem seguido seus estudos e conselhos quanto à construção da barra bem provável que a história da Laguna poderia ser bem outra.

Calheiros da Graça serviu durante três anos na Guerra do Paraguai. Chegou a contra-almirante, cumprindo quase sempre missões científicas.

Foi um dos principais responsáveis pelo mapeamento do litoral do Brasil, por meio da determinação das posições geográficas exatas dos seus principais acidentes.
Como Primeiro-Tenente, acompanhou, na Corveta Vital de Oliveira, em 1873, as primeiras sondagens feitas para imersão do cabo submarino inglês, que ligaria nossas costas à Europa.
Orientou o levantamento e a elaboração de inúmeras cartas marítimas e plantas hidrográficas, e inventou um aparelho, o transferidor de sondas.

Nasceu em Maceió-AL, em 3 de julho de 1849 e faleceu na Baía de Jacuecanga-RJ, em 21 de janeiro de 1906, quando do desastre do Encouraçado Aquidabã.

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Quem foi Vidal José de Oliveira Ramos Júnior

Já quanto à Praça, recebeu a homenagem Vidal Ramos, governador de Santa Catarina de 1910 a 1914 e ainda hoje lembrado pela reorganização de ensino que promoveu em seu governo.

Vidal José de Oliveira Ramos Júnior (Lages, 24 de outubro de 1866 — Rio de Janeiro, 2 de janeiro de 1954) foi um político brasileiro.
Nasceu em Lages. Filho de Vidal José de Oliveira Ramos e Júlia Ribeiro de Sousa Ramos, casado com Teresa Fiuza Ramos, de cuja união nasceram 14 filhos.
Dos filhos de seu matrimônio com D. Tereza, dois foram Governadores do Estado de Santa Catarina: Nereu de Oliveira Ramos e Celso Ramos.

Foi Intendente, Superintendente, Deputado e Senador da República, mas na política catarinense também foi Governador do Estado, uma vez no período de novembro de 1902 a 30 de outubro de 1905; e outra no período de 28 de setembro de 1910 a 28 de setembro de 1914, sucedendo Lauro Müller.

Vidal Ramos, por sua vez, não demoraria à frente do cargo, eleito, foi para Câmara Federal. Foi, então, Senador pelo mesmo Estado, de 1915 a 1929, na vaga de Felipe Schmidt, que se elegeu Governador.
Foi deputado à Assembleia Legislativa Provincial na 26ª legislatura, de 1886 a 1887, deputado estadual na 1ª legislatura, de 1894 a 1895, na 2ª legislatura, de 1896 a 1897, na 4ª legislatura, de 1901 a 1903. Foi deputado federal na 6ª legislatura, de 1906 a 1908, na 7ª legislatura, de 1909 a 1911, renunciando em 1910, na 13ª legislatura, de 1927 a 1929.

Em 1910, Vidal Ramos empreendeu não a reorganização da instrução pública do Estado, mas a sua verdadeira organização, em moldes científicos e atuantes. Para isto contratou uma comissão de professores paulistas que implantou um novo sistema que permitiu o posterior desenvolvimento da instrução pública. 

Foram criados, então os primeiros grupos escolares nas principais cidades do Estado, entre eles o nosso Grupo Escolar Jerônimo Coelho (inaugurado em 1912), enquanto a Escola Normal passava a formar professores que seriam disseminados por todo o território catarinense. Este é considerado o marco inicial de todo o progresso do setor educacional de Santa Catarina.
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3 comentários:

  1. Edison de Andrade31/07/2019, 14:49

    Ótima matéria, Valmir. A bola tá na marca do penalti e não tem goleiro. Quem sabe a Fundação de Cultura mande instalar as placas. Boa sugestão.

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  2. André Labanowski31/07/2019, 15:14

    As 8 palmeiras imperiais(2 em cada canto )centenárias e oriundas de Petròpolis merecem placas com histöria.
    Fica a sugestão para o pesquisador/historiador Valmir.

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  3. Geraldo de Jesus01/08/2019, 14:07

    Bela matéria. Valmir sempre recuperando a nossa história. Eis um verdadeiro amigo da Laguna.

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