Nos primeiros anos do século XX,
comerciantes, armadores e autoridades da Laguna se reuniram para dar uma nova cara
à cidade.
Foi criada, em 14 de julho de 1907, por
iniciativa de Ataliba Goulart Rollin e seu cunhado José Guimarães (Juca)
Cabral, uma “Comissão de Aformoseamento” para sugestões, projetos e
arrecadação de numerários para as futuras obras.
O Jardim Calheiros da Graça na década de 1960. Cartão Postal/Foto Bacha |
O Jardim Calheiros da Graça na década de vinte, ainda com o muro e cerca de proteção, que foram retirados em 1925. Observe o pequeno tamanho das palmeiras na esquina da rua Santo Antônio com XV de Novembro. À direita na foto, a bandeira do Clube Blondin tremulando em sua antiga sede, onde hoje se situa o escritório do Iphan. |
Entre 1914 e 1915 organizam o Jardim
Calheiros da Graça com chafariz, palmeiras e iluminação. O local é inaugurado
em 25 de abril de 1915, juntamente com o chafariz, construído por Marcos
Gazola.
O Jardim Calheiros da Graça entre as décadas de 1930/40. |
A Praça recebeu o nome de Vidal Ramos e o Jardim foi batizado como Calheiros da Graça.
Vez por outra lemos por aí – inclusive em
releases distribuídas à imprensa - certa confusão entre os dois.
O Jardim é Calheiros da Graça e a Praça é Vidal Ramos
O Jardim fica situado na Praça. Segue o
exemplo de Florianópolis, onde o Jardim Oliveira Belo fica na Praça XV de Novembro.
Então, quando flores são plantadas,
quando bancos são instalados eles os são no Jardim, que fica situado na Praça. Nunca ao
contrário.
Até hoje não entendo a não instalação naquela
área, por parte de gestores que se sucederam na Laguna, de placas/bustos com
uma pequena biografia de cada um dos homenageados: Calheiros da Graça e Vidal
Ramos.
Aqui vai minha contribuição, com um texto-resumo
de cada um deles, além de duas fotografias. Quem sabe a Fundação Lagunense de Cultura ou a de Turismo, ou a Fundação Irmã Vera, que está promovendo melhoramentos naquele local, não encampe a ideia e instale duas placas em acrílico ou vidro estampando esse dois vultos de nossa história?
Quem foi Francisco
Calheiros da Graça
O Capitão-Tenente Francisco
Calheiros da Graça, secretário da Repartição Hidrográfica no Rio de Janeiro,
foi um dos primeiros técnicos do nosso Porto.
No recuado ano de 1886 elaborou
diversos estudos e plantas classificando a situação da barra da Laguna como
privilegiada, realçando como a natureza foi pródiga para com a Laguna, dando
dois morros como barreira natural e o paredão de pedras ao sul. Com relação a
este afirmou: “Tudo deve ser feito para evitar que se afaste o canal do paredão
de pedras”.
Em seus estudos, por exemplo,
consta que o molhe norte deveria ser construído praticamente em direção à Ilha
dos Lobos. Já quanto ao molhe sul este nem precisaria existir.
Foi contrariado em seus projetos
e pareceres. E depois de anos, outros engenheiros assassinaram o nosso porto,
construindo erroneamente os molhes em forma de tenaz.
O lagunense deu o nome,
merecidamente, de Calheiros da Graça ao seu principal jardim, e também a uma
rua situada ali na Paixão. O tempo provou que ele estava correto em seus estudos.
Outros engenheiros que por aqui passaram sumiram na urina da história.
Se tivessem seguido seus estudos e conselhos quanto à construção da barra bem provável
que a história da Laguna poderia ser bem outra.
Calheiros da Graça serviu durante
três anos na Guerra do Paraguai. Chegou a contra-almirante, cumprindo quase sempre
missões científicas.
Foi um dos principais
responsáveis pelo mapeamento do litoral do Brasil, por meio da determinação das
posições geográficas exatas dos seus principais acidentes.
Como Primeiro-Tenente, acompanhou,
na Corveta Vital de Oliveira, em 1873, as primeiras sondagens feitas para imersão
do cabo submarino inglês, que ligaria nossas costas à Europa.
Orientou o levantamento e a
elaboração de inúmeras cartas marítimas e plantas hidrográficas, e inventou um
aparelho, o transferidor de sondas.
Nasceu em Maceió-AL, em 3 de
julho de 1849 e faleceu na Baía de Jacuecanga-RJ, em 21 de janeiro de 1906,
quando do desastre do Encouraçado Aquidabã.
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Quem foi Vidal José de Oliveira Ramos Júnior
Já quanto à Praça, recebeu a homenagem Vidal Ramos, governador de Santa Catarina de 1910 a 1914 e ainda hoje lembrado pela reorganização de ensino que promoveu em seu governo.
Vidal José de Oliveira Ramos
Júnior (Lages, 24 de outubro de 1866 — Rio de Janeiro, 2 de janeiro de 1954)
foi um político brasileiro.
Nasceu em Lages. Filho de Vidal
José de Oliveira Ramos e Júlia Ribeiro de Sousa Ramos, casado com Teresa Fiuza
Ramos, de cuja união nasceram 14 filhos.
Dos filhos de seu matrimônio com
D. Tereza, dois foram Governadores do Estado de Santa Catarina: Nereu de
Oliveira Ramos e Celso Ramos.
Foi Intendente, Superintendente,
Deputado e Senador da República, mas na política catarinense também foi Governador
do Estado, uma vez no período de novembro de 1902 a 30 de outubro de 1905; e
outra no período de 28 de setembro de 1910 a 28 de setembro de 1914, sucedendo
Lauro Müller.
Vidal Ramos, por sua vez, não
demoraria à frente do cargo, eleito, foi para Câmara Federal. Foi, então,
Senador pelo mesmo Estado, de 1915 a 1929, na vaga de Felipe Schmidt, que se
elegeu Governador.
Foi deputado à Assembleia
Legislativa Provincial na 26ª legislatura, de 1886 a 1887, deputado estadual na
1ª legislatura, de 1894 a 1895, na 2ª legislatura, de 1896 a 1897, na 4ª legislatura,
de 1901 a 1903. Foi deputado federal na 6ª legislatura, de 1906 a 1908, na 7ª
legislatura, de 1909 a 1911, renunciando em 1910, na 13ª legislatura, de 1927 a
1929.
Em 1910, Vidal Ramos empreendeu
não a reorganização da instrução pública do Estado, mas a sua verdadeira
organização, em moldes científicos e atuantes. Para isto contratou uma comissão
de professores paulistas que implantou um novo sistema que permitiu o posterior
desenvolvimento da instrução pública.
Foram criados, então os primeiros
grupos escolares nas principais cidades do Estado, entre eles o nosso Grupo Escolar
Jerônimo Coelho (inaugurado em 1912), enquanto a Escola Normal passava a formar
professores que seriam disseminados por todo o território catarinense. Este é
considerado o marco inicial de todo o progresso do setor educacional de Santa
Catarina.
Para ler mais sobre a Praça Vidal Ramos e Jardim Calheiros da Graça clique Aqui Aqui Aqui
Ótima matéria, Valmir. A bola tá na marca do penalti e não tem goleiro. Quem sabe a Fundação de Cultura mande instalar as placas. Boa sugestão.
ResponderExcluirAs 8 palmeiras imperiais(2 em cada canto )centenárias e oriundas de Petròpolis merecem placas com histöria.
ResponderExcluirFica a sugestão para o pesquisador/historiador Valmir.
Bela matéria. Valmir sempre recuperando a nossa história. Eis um verdadeiro amigo da Laguna.
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