O
escoteiro (instrutor) René Rollin foi um dos primeiros a se lançar em ajuda aos
infectados pela gripe espanhola na Laguna.
Muitos
deles eram isolados numa casa existente nos altos do Morro do Iró, denominada
“lazarento”, destinada a pessoas contaminadas com moléstias contagiosas e que
havia sido inaugurado em setembro de 1908.
Em
pouco tempo, assim como aconteceu em outros lugares, o local se tornou pequeno
para abrigar tantos enfermos.
Logo
René Rollin também contraiu a doença.
Quem foi René Rollin?
Eis
outra das personalidades que muito contribuiu com a sociedade lagunense.
Nascido na Laguna, em 13 de maio de 1881, era filho de José Goulart Rollin e de
Emilia Cândida da Silva, tronco da numerosa família Rollin de nossa cidade.
Goulart Rollin era telegrafista, nascido em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro e
viera transferido para trabalhar como agente dos correios e telégrafos da
Laguna.
Logo
se incorporou à sociedade lagunense, granjeando inúmeros amigos e participando
ativamente de atividades teatrais e musicais.
Colaborou
e muito para o soerguimento de nosso hospital.
Casado
com Maria de Oliveira Pinho Rollin (dª Mariquinha), o casal teve os filhos:
Célio, Cerize (mãe do ex-prefeito Mário José Remor) e Celi.
René
Rollin era funcionário público, coletor de impostos. Espírito abnegado,
patriota, logo cedo demonstrou seu civismo e a vontade de ajudar os
semelhantes. Com 29 anos fazia parte da diretoria do Centro Espírita Fé, Amor e
Caridade de nossa cidade.
Em
1916, René Rollin, apaixonado pelos ensinamentos de Baden-Powell, introduz o
escotismo em Santa Catarina. Mas somente em 1º de janeiro de 1917 funda
oficialmente em nossa cidade uma escola de escoteiros, sendo seu primeiro
instrutor.
Partiu sozinho, pelo morro
Foram
vários os escoteiros que participaram do ato de ajuda humanitária em 1918, mas
somente René Rollin acabou se contaminando com a peste.
Como
não poderia haver contato sem risco, ao saber-se doente, depois de ter ajudado
tantos enfermos e não querendo ser um agente transmissor, René Rollin
voluntariamente se despediu à distância dos familiares e amigos, no Largo da Carioca.
Partiu
sozinho, cabisbaixo, pela estrada do morro. Foi em direção à casa de
recolhimento lá no Iró, numa cena obviamente triste e que ficou na memória de
muitos que a presenciaram.
Poucos
dias depois, em 13 de dezembro de 1918, René Rollin estaria morto aos 37 anos.
Num
escrito publicado no jornal O Dever, de 22 daquele mês, Álvaro Carneiro assim
escreveu sobre o amigo falecido:
(...) “Quem poderia imaginar, então,
que o benemérito introdutor do Escotismo em Santa Catarina seria uma das
vítimas dessa covarde e miserável epidemia, tão covarde que se disfarça a cada
minuto, apresentando aspectos vários, e tão miserável que, apesar da
multiplicidade dos nomes, não se sabe ao certo como se chama?
René Rollin morreu. A peste fatídica não o
poupou, matando-o 10 dias depois de lhe ter vibrado o golpe traiçoeiro. O seu
coração – coração de ardente patriota, onde se abrigaram e desenvolveram os
mais elevados ideais – não ama, não sente, não pulsa mais, paralisado para
sempre pelo sopro gélido da epidemia maldita.
Entretanto ele vive! Vive pela sua
obra; existe no coração de cada escoteiro; ressurge pelo poder de nossa saudade
e pela força de nossa admiração”. (...)
Laguna
homenageou René Rollin com nome de rua no Balneário Mar Grosso.
Comissão
Regional de Escoteiros da Laguna – Junho de 1918. Em pé: Sady Magalhães, Ruben
Ulysséa, Arnaldo Carneiro, Ramiro Ulysséa, Dante Tasso e Hercílino Ribeiro. Sentados:
René Rollin, Álvaro Carneiro e Luíz Sanchez Bezerra da Trindade.
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