segunda-feira, 15 de junho de 2020

Renné Rollin morreu vítima da Gripe Espanhola (Parte II)

O escoteiro (instrutor) René Rollin foi um dos primeiros a se lançar em ajuda aos infectados pela gripe espanhola na Laguna.
Muitos deles eram isolados numa casa existente nos altos do Morro do Iró, denominada “lazarento”, destinada a pessoas contaminadas com moléstias contagiosas e que havia sido inaugurado em setembro de 1908.
Em pouco tempo, assim como aconteceu em outros lugares, o local se tornou pequeno para abrigar tantos enfermos.
Logo René Rollin também contraiu a doença.

Quem foi René Rollin?
Eis outra das personalidades que muito contribuiu com a sociedade lagunense. Nascido na Laguna, em 13 de maio de 1881, era filho de José Goulart Rollin e de Emilia Cândida da Silva, tronco da numerosa família Rollin de nossa cidade. Goulart Rollin era telegrafista, nascido em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro e viera transferido para trabalhar como agente dos correios e telégrafos da Laguna.
 
Renné Rollin.
Logo se incorporou à sociedade lagunense, granjeando inúmeros amigos e participando ativamente de atividades teatrais e musicais.
Colaborou e muito para o soerguimento de nosso hospital.
Casado com Maria de Oliveira Pinho Rollin (dª Mariquinha), o casal teve os filhos: Célio, Cerize (mãe do ex-prefeito Mário José Remor) e Celi.
René Rollin era funcionário público, coletor de impostos. Espírito abnegado, patriota, logo cedo demonstrou seu civismo e a vontade de ajudar os semelhantes. Com 29 anos fazia parte da diretoria do Centro Espírita Fé, Amor e Caridade de nossa cidade.
Em 1916, René Rollin, apaixonado pelos ensinamentos de Baden-Powell, introduz o escotismo em Santa Catarina. Mas somente em 1º de janeiro de 1917 funda oficialmente em nossa cidade uma escola de escoteiros, sendo seu primeiro instrutor.

Partiu sozinho, pelo morro
Foram vários os escoteiros que participaram do ato de ajuda humanitária em 1918, mas somente René Rollin acabou se contaminando com a peste.
Como não poderia haver contato sem risco, ao saber-se doente, depois de ter ajudado tantos enfermos e não querendo ser um agente transmissor, René Rollin voluntariamente se despediu à distância dos familiares e amigos, no Largo da Carioca.
Partiu sozinho, cabisbaixo, pela estrada do morro. Foi em direção à casa de recolhimento lá no Iró, numa cena obviamente triste e que ficou na memória de muitos que a presenciaram.
Poucos dias depois, em 13 de dezembro de 1918, René Rollin estaria morto aos 37 anos.

Num escrito publicado no jornal O Dever, de 22 daquele mês, Álvaro Carneiro assim escreveu sobre o amigo falecido:

(...) “Quem poderia imaginar, então, que o benemérito introdutor do Escotismo em Santa Catarina seria uma das vítimas dessa covarde e miserável epidemia, tão covarde que se disfarça a cada minuto, apresentando aspectos vários, e tão miserável que, apesar da multiplicidade dos nomes, não se sabe ao certo como se chama?
 René Rollin morreu. A peste fatídica não o poupou, matando-o 10 dias depois de lhe ter vibrado o golpe traiçoeiro. O seu coração – coração de ardente patriota, onde se abrigaram e desenvolveram os mais elevados ideais – não ama, não sente, não pulsa mais, paralisado para sempre pelo sopro gélido da epidemia maldita.
Entretanto ele vive! Vive pela sua obra; existe no coração de cada escoteiro; ressurge pelo poder de nossa saudade e pela força de nossa admiração”. (...)

Laguna homenageou René Rollin com nome de rua no Balneário Mar Grosso.
Comissão Regional de Escoteiros da Laguna – Junho de 1918. Em pé: Sady Magalhães, Ruben Ulysséa, Arnaldo Carneiro, Ramiro Ulysséa, Dante Tasso e Hercílino Ribeiro. Sentados: René Rollin, Álvaro Carneiro e Luíz Sanchez Bezerra da Trindade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário