sábado, 27 de outubro de 2012

A Ponte Anita Garibaldi e seu entorno vão virar um Cartão-Postal

Semana passada o consórcio Ponte Anita Garibaldi, formado pelas empresas Camargo Corrêa, Aterpa-M.Martins e Construbase, terminou a instalação da terceira camisa metálica, cilindros usados para construção dos pilares da ponte sobre o Canal de Laranjeiras, na Laguna.
Para a construção do emboque norte da passagem sobre a Lagoa de Santo Antônio dos Anjos serão instalados 20 cilindros, em dez conjuntos.

Os três primeiros alicerces sendo construídos
O restante das camisas será disposto sobre o traçado atual da rodovia. Para isso, é necessária a construção do desvio lateral, o que já está sendo finalizado.
Com os três primeiros cilindros posicionados, agora será instalada a perfuratriz, no topo das estruturas, para escavar a rocha e abrir caminho para a colocação das ferragens e a concretagem dos pilares.
Esses primeiros pilares foram fincados exatamente nas áreas onde uma equipe da Unisul - Grupo de Pesquisa em Educação Patrimonial e Arqueologia (Grupep), andou fazendo escavações e onde descobriu e retirou 23 esqueletos, além de artefatos líticos, adornos e manchas de fogueira.

Um olhar sonhador (Ou será delirante?)
Passando pelo local esta semana observei que toda aquela extensa área se tornará um dos maiores pontos turísticos aqui do sul, vai virar um lindo cartão postal.

Ali surgirá - todos já o sabemos - uma ponte estaiada que será um primor de engenharia e tecnologia, demonstrando a inteligência do homem em sobrepor obstáculos em nome do desenvolvimento, com pinceladas de beleza.

Bem ao lado, em paralelo, estarão como testemunhas de épocas distintas, mais duas pontes: a rodoferroviária, construída nas décadas de 30 e 60. É a Ponte Henrique Lage, inicialmente ferroviária e inaugurada em 1º de setembro de 1934.

E a Ponte Ferroviária, fincada no leito da lagoa pelos ingleses no final do século XIX. Em 18 de julho de 1882, pela primeira vez um trem percorreu o trajeto Imbituba-Laguna.
Esta última (tombada pelo decreto municipal nº 34/77) numa extensão de 1.480 metros serviu de transporte de passageiros e ao carvão retirado das minas de Lauro Muller e escoado pelos portos da Laguna e de Imbituba.
Existiam três tipos de trens. O de passageiros, o misto e o trem somente de carga. Havia opção para viagens de primeira e segunda classe. A diferença estava somente nos assentos. Palhinha ou couro nos carros de primeira classe e de madeira nos carros de segunda.
Há toda uma história e memória que atravessam gerações.

Há ainda mais. Com valor incalculável, o sambaqui de Cabeçuda, ao lado da rodovia e que vai ficar sob a nova ponte.

Além disso, há o prédio original da Estação Ferroviária, que tem servido como lanchonete e agora como refeitório dos operários do canteiro de obra.

Imaginem também um mirante lá no alto do Morro das Laranjeiras para vislumbrar todo esse conjunto? O visual é deslumbrante, pode-se observar num grande ângulo em linha do horizonte, o Farol de Santa Marta, o centro e morros da cidade e as Lagoas Santo Antônio, Mirim e Imarui.
Imaginem ainda mais, um teleférico partindo da encosta e indo até o topo do Morro das Laranjeiras? Como em Balneário Camboriú?
Até onde sei projetos desses tipos não foram incluídos nas obras da ponte, até como forma de compensação ambiental. Ainda é tempo.

Laguna é muita rica, falta mostrar e explorar essa riqueza
Veja você leitor, a riqueza que possuímos na nossa Laguna. Bem aqui, na BR-101, entrada da cidade. Lagoas, Pontes, Sambaqui e Estação Ferroviária desativada, mas com uma linha de trilhos que ainda corta a região, ligando Imbituba, Tubarão e Urussanga . Lauro Muller.

Trens de passageiros passando pelo local. Por quê não?
E digo mais: que tal a pequena Estação Ferroviária de Cabeçuda recuperada e revitalizada, funcionando com trens de passageiros cortando a região, num passeio turístico (que já acontece se não me engano mensalmente) de Tubarão a Lauro Muller Urussanga? Por que não estender até o nosso município? Se inicialmente não forem feitas viagens diárias, mas por que não semanais? Na própria Estação de Cabeçuda poderia haver um pequeno museu Ferroviário, como fotos e painéis contando a história desse meio de transporte em nossa região. Material para isso é abundante.

A Estação de Cabeçuda nos dias atuais

Ao lado, outro museu poderia ser criado, o do Sambaqui, com visitas agendadas ao próprio local de onde foram retiradas as históricas peças arqueológicas.

Outras cidades não têm undécimo do que temos e têm que criar, inventar atrações em busca do turista. Nós possuímos inúmeras riquezas nas mais variadas áreas. O Criador foi generoso com a nossa região e não damos o devido valor, não exploramos e valorizamos nossas atrações naturais, históricas, culturais.
Basta ser um pouco visionário, pensar a médio e longo prazo. Querer, fazer e acontecer. Basta vontade política de nossos governantes para que meros sonhos aconteçam, deixando o papel e se transformando em realidade.

O administrador político, o gestor público que pensar grande na Laguna, que saber ouvir, comandar e executar, se transformará facilmente num nome com potencial para futuros vôos. Além de deixar seu nome gravado na história. Laguna precisa de uma revolução para recuperar o tempo perdido.

Agora se nossos governantes ficarem na politicalha de sempre, na mesmice e nas negociações de varejo, da mesquinhez e do deslumbramento, serão apenas mais alguns nomes a figurarem numa desbotada lista dos que já passaram.

5 comentários:

  1. Com certeza uma excelente crônica! Me fez lembrar um bonito texto de Artur Cook (sim o nosso artista plástico escreve também),que parece ficção e sonha também com coisas assim. Na verdade precisamos sim recuperar o tempo perdido. Fatima Barreto Michels.

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  2. a linha de trem turistico é para Urussanga ....os trilhos que iam a Lauro Muller o vento levou,digo a enchente levou.
    jorge edu

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  3. Prezado, é verdade, os trilhos vão até Urussanga. Já corrigi no texto.
    Um abraço,

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  4. Bom dia Valmir!
    Claro que temos o direito de sonhar e tornar nossos sonhos realidade! Estará tudo nas mãos do novo secretário de turismo? Que esta pessoa tenha a mesma visão e recorra às autoridades pra buscar verbas em prol de nossa linda cidade! Realmente falta explorar nossos atrativos turísticos. Laguna é linda! linda!É tudo lindo! (Caetano não é daí) rsss.
    Abraços!
    Maria de Fatima Martins - Blumenau (por enquanto)
    Abraços!

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  5. Imagina quantos sitios arqueológios ainda existem devido a propria caracteristica pesqueira da região atraindo civilizaões para a região,destacando tbem sitios submersos (subaquäticos)totalmente inexplorado de um modo geral no Brasil e que MUITAS embarcaçoes por ali encontraram seu fim.
    Outro fato é o convivio dos pescadores com os botos e o proprio modo de vida artesanal dos homens do mar, renderiam boas reportagens no NATGEO.

    adriano
    adriano.zarbato@uol.com.br
    Abraço

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