Na segunda-feira à noite (4), na Câmara de
vereadores da Laguna aconteceu a primeira audiência pública sobre propostas de
mudanças no Plano Diretor encaminhadas pelo Executivo lagunense, principalmente
alterações em parâmetros urbanísticos no Loteamento Ravena, no Balneário Mar
Grosso.
Galeria lotada, com ausências no plenário de alguns vereadores.
Parede
de vidro separa os vereadores do público
Lastima-se que no plenário da Câmara os chamados
nobres 13 vereadores estejam numa redoma, atrás de uma parede de vidro,
distanciados e separados das galerias onde fica o povo, os eleitores que dizem
tanto prezar quando...das eleições.
Questão de segurança? Não querem sentir o
cheiro do povo?
Dia chegará, queira Deus! e mais breve do que
se possa imaginar, que aquele “muro de Berlim” fincado no Legislativo será
retirado, ruirá em nome da democracia.
Audiência
levou duas horas
Faço aqui um breve resumo para o leitor deste
Blog do que lá aconteceu e de alguns que se manifestaram pelos microfones da
Casa. Esta primeira audiência levou 2 horas.
Há vereador que joga pra plateia - não sejamos
ingênuos – dá drible, faz embaixadinha e chuta a gol, mas existe também quem realmente
SEMPRE se preocupa com os rumos que nossa cidade está tomando.
A segunda audiência vai acontecer no próximo
dia 19. No recinto da Câmara ou no Laguna Praia Clube, no Mar Grosso, ainda a
decidir o local.
Conselho
de Desenvolvimento Municipal
Primeiramente o presidente do Conselho de
Desenvolvimento Municipal (e também secretário de Planejamento Urbano e
Habitação da prefeitura até 31 de dezembro de 2015, (já que foi exonerado deste
cargo junto com outros membros do secretariado, mas certamente já deve ter
retornado) Rodolfo Michels Godinho fez uma explanação sobre o que foi proposto
pelo Executivo, analisado pela câmara técnica e apresentado ao Conselho.
Em suma eis as propostas de mudanças no
Loteamento Ravena:
- 6 pavimentos na área verde (beira-mar,
avenida Maurílio Kfouri), com recuo lateral de 2 metros;
-
10 pavimentos na chamada área vermelha (quadra seguinte) com recuo lateral de 3
metros;
-
16 pavimentos área azul, com recuo lateral de 4 metros; e
-
20 pavimentos área rosa (área final junto a rua Rennê Rollin com recuo lateral
de 5 metros);
Salientou Godinho, que o Conselho, “não está
criando um novo parcelamento de solo, afinal o loteamento já existe”.
E apresentou uma série de argumentos para
justificar a implantação da proposta, dentre eles o aumento da arrecadação por
parte da prefeitura no tocante a alvarás, criação de empregos na construção
civil, fim do lixão naquela área, etc.
Houve também apresentação de uma projeção de
sombreamento no loteamento e seu entorno, em todos os meses do ano.
No estudo apresentado, a previsão de
construção chega a 120 prédios.
Câmara
Técnica
Fazem parte da chamada Câmara Técnica, que
apresenta os estudos e propostas para análise do Conselho, as seguintes
entidades:
a)
Câmara
de vereadores, através de seu presidente;
b)
Sindicato
dos Bancários da Laguna;
c)
Câmara
de Dirigentes Lojistas (CDL);
d)
Fundação
Lagunense do Meio Ambiente – Flama;
e)
Associação
dos Moradores do Morro da Glória;
f)
Associação
dos Moradores do Jardim Juliana;
g)
Associação
dos Moradores do Mar Grosso;
h)
Sindicato
dos empregados no comércio.
A associação dos Moradores do Mar Grosso não
tem comparecido (seu presidente ou representante) às reuniões. Ausente na
próxima, deverá ser excluída do Conselho Técnico, afirmou Godinho.
Falaram
os vereadores
Orlando
Rodrigues (PSD):
“Então naquele
caldeirão do Hulk que é a prefeitura municipal da Laguna, que é loucura, loucura, loucura, não se sabe o caminho que se segue, pra onde se vai, que a 2ª audiência pública seja marcada para dia 19 com a presença do Executivo".
O vereador queixou-se que o recinto não oferece
condições para a realização de uma audiência pública.
Questionou o porquê de tantos loteamentos terem
sido apresentados em 2014 para cá e qual é o fluxo dos loteamentos. E registrou
a ausência de qualquer representante do Poder Executivo na audiência, portanto
uma audiência tendo vício de irregularidades.
Disse que as promotoras da cidade, em
26/03/15, recomendaram que o Legislativo não aprove projetos de lei em relação
ao loteamento Ravena. “Então não podemos nem discutir”, alertou o vereador.
Afirmou que o mais agravante de tudo “é que a
ausência do chefe do Executivo na Audiência Pública deve-se a um Termo de
Declaração (nº 08.2014.00278305-0) feita pelo prefeito Everaldo dos Santos na
2ª Promotoria de Justiça da Laguna em 25/09/2014, contendo sérias denúncias
contra o presidente da Câmara Roberto Alves”.
Peterson Pretto Crippa (PP):
“Me
espanta a agilidade, em menos de 50 dias estão os estudos prontos. Imagina se
fossem rápidos assim para resolver o problema do esgoto no Mar Grosso”.
O vereador foi enfático, mostrando-se surpreso
com a pressa do Executivo nos estudos:
“Não é o
momento para discutir isso. Vamos discutir a partir de 2018. Não vi área verde,
não vi centros de multiuso, não vi área para um grande hotel”.
“Sobre
as dunas ninguém falou. Aquilo ali é área de preservação permanente ou não é?
Pode mexer?”
“Não é o
momento para se discutir isso, a não ser que hajam outros interesses que não
seja a cidade”.
“Temos
muitas outras prioridades na Laguna para ser discutidas. Vamos resolver os
problemas pontuais da Laguna primeiro”.
Pretto Crippa também alertou que “o mapa de
sombreamento que foi feito e apresentado não está correto, precisa ser
refeito”.
E terminou indignado:
“O
esgoto está escorrendo no Mar Grosso. Entre o antigo calçadão (rua Tubarão) e o
antigo Turismar, você não consegue entrar na praia sem pisar no cocô”.
Andrey
Pestana de Farias (PSD):
“Há
muitos interesses que envolvem isso”.
O vereador começou dizendo:
“Gostaria de registrar alguns pontos. Que o
Executivo sim deveria apresentar esse projeto, não desmerecendo o engenheiro
Godinho a quem respeito muito”;
O vereador alertou que tendo 16 ou 20
pavimentos as casas do aeroporto não terão mais o sol da manhã. Indagou pela
demanda de veículos. E disse:
“A
audiência pública carece de legitimidade porque o maior interessado, o
Executivo, não compareceu nem mandou representante”.
“O que
se esperar mais dessa gestão?”
“O poder Executivo demonstra por esse projeto
que quer fazer bons negócios”.
Vereador
Kleber (Kek) Lopes (PP):
“Pouca
demora isso aqui não vai ser mais câmara de vereadores, vai ser imobiliária e
os vereadores vão ter que fazer curso de corretor, porque só aprovam loteamentos
nesta cidade”.
Diante das risadas da plateia o vereador completou:
“ Não é pra rir não, é pra chorar”.
O vereador também falou sobre iluminação
pública, um assunto que ele conhece bem e que domina suas intervenções no
Legislativo ao longo dos tempos.
“Estamos
há 60 dias pagando taxa de iluminação pública (Cosip) e estamos sem empresa.
Arrecadando sem prestar serviços. Isso é uma vergonha”.
“Não tem
ninguém da prefeitura nesta audiência pública, que foi convocada em regime de
urgência”.
Palavra aberta ao público:
Engenheiro André Labanowski
“Nunca
vi, estou acostumado a trabalhar na área ambiental e de infraestrutura, nunca
vi coisa pior do que isso aí.
É uma
pouca vergonha”.
O primeiro a falar foi o engenheiro André
Labanowski, que conhece como ninguém todos os meandros, alterações e detalhes do
Loteamento Ravena que foram efetuadas ao longo dos anos.
E Labanowski foi na raiz do problema:
“Primeira coisa é o seguinte: esse projeto aí não tem
validade nenhuma, o Ministério Público anulou. Ainda hoje passei no cartório e
estão levantando os lotes que já estavam vendidos”;
“Não adianta trabalhar em cima desse mapa”;
“Além do mais, no contorno esse mapa reduziu uma avenida
de 24 metros para 12 metros, a João Rodolfo Gomes”;
“Na rua Ruben Lima Ulysséa a prefeitura não teve a
capacidade de manter os 18 metros que tinha dessa planta aí, o pessoal está
invadindo os 4 metros eu denunciei na prefeitura e não foi um fiscal lá”;
“Além do mais, o seguinte: quando foi feito o convênio, em
1988, eliminaram todas as áreas verdes, institucionais deste loteamento, não vi
ninguém comentar sobre isso”;
“Por lei, qualquer loteamento que parou tem que obedecer a
lei nova”;
“O loteamento Ravena tem 1,4% de área verde e praças,
quando por lei é de 10% e no máximo 65% de lotes, o resto é arruamento”;
“No impacto de
insolação, onde está o unifamiliar? A sombra que vai dar, o cidadão que tem
casa ali do lado? Não tem;
“Onde está a taxa de ocupação? O índice de
aproveitamento?”;
“Garopaba dá um banho em Laguna em Plano Diretor. Recebe
muito mais gaúcho do que aqui”;
“Vocês estão querendo acabar com a praia”;
“Veraneio aqui há mais de 40 anos e nunca vi uma
esculhambação tão grande como neste verão. Tá uma pouca vergonha!”;
“Vocês vem com uma ideia maluca de botar 20 andares? O que
é que há?”
Ex-vereador Cleosmar Fernandes
“Lamento muito estar falando com os senhores
dentro de uma
redoma, blindados”.
O ex-vereador, que faz falta no Legislativo lagunense, com
seu estilo combativo, crítico, fiscalizador, disse:
“Estava em casa vendo televisão, mas vim aqui porque eu
não vou deixar as pessoas mudarem minha cidade, mudarem minha vida , vou
exercer minha cidadania”;
“Ouvi o relato do Godinho, e já perguntei se tem
legalidade com relação a isso porque o entendimento do ministério das Cidades é
que a partir do instante em que o Plano Diretor é aprovado ele só poderá ser
mudado depois de cinco anos. Isso é o que a lei estabelece”;
“Agora quero deixar bem claro uma situação aqui. A
colocação do vereador Orlando, que foi feita aqui hoje e seguido de um silêncio
sepulcral, um silêncio avassalador”;
“Eu se tivesse sido questionado,
denunciado dessa situação eu não ficaria quieto aqui, eu no mínimo estouraria
os microfones aqui me defendendo. Eu não poderia conduzir uma audiência pública
sob suspeita”.
"É preciso primeiro esclarecer esses fatos".
"É preciso primeiro esclarecer esses fatos".
Nossa uma parede de vidro pra separar oas pessoas deles :( Essa foi demais, não fizeram nada atá agora e ainda fazem uma coisa desta. So tenho a lamentar .
ResponderExcluirQuerem ''melhorar a economia'' sem apresentar dados do numero de desempregados em Laguna, com centenas de apartamentos a venda e para alugar no Mar Grosso, sem apresentar um estudo de impacto de vizinhança e ambiental coesos, prejudicando a vista do morro da gloria para os molhes, não prevendo uma praça sequer em uma area de preservaçao que alaga, de duna, e formaçao de restinga, sem recuo entre os predios, e antes de investir em melhores infraestruturas como o tratamento de esgoto. Falou bem o vereador Kek, querem transformar o plenario em uma imobialiaria. Este projeto só beneficia as grandes empreiteiras... os obreiros que irão construir n terão acesso a estes apartamentos. O lucro é privado, e o prejuízo é publico. Me sentindo indignada.
ResponderExcluirParabéns pelo trabalho Valmir, sempre dou uma passada por aqui! Grande Abraço Scarlett do Sesc - Cine Teatro Mussi
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