sexta-feira, 3 de junho de 2016

Estacionamento de ônibus de turismo à beira da Lagoa? Uma ideia infeliz

A prefeitura da Laguna informa que está preparando um estacionamento ali na “Paixão”, logo após a Capitania dos Portos, para servir de estacionamento para os ônibus de turismo.
Estacionamento de ônibus à beira da Lagoa, tapando toda visão.
Só na Laguna mesmo! Foto: Elvis Palma
Não sei de quem partiu a triste ideia. Se do prefeito Everaldo? Do secretário de Turismo Iberê? Do secretário de Planejamento Godinho? Ou se do de Obras, Renato Checo?
Ou se de todos em conjunto.

Diz a nota postada no site da prefa que a própria Associação de guias de turismo achou ótimo o local? É mesmo? Como assim?

Explico
Então vai se pegar uma das poucas áreas ainda restantes no centro da cidade com vistas pras belezas naturais da Lagoa Santo Antônio dos Anjos e transformá-la num depósito de  ônibus (depósito sim! ainda que de poucas horas)?
Não que eu ache que aquilo ali devesse continuar sendo subutilizado como estacionamento de dezenas de carros, o que também vai continuar, em parte.
Se fosse noutra cidade com pretensões, digamos, mais profissionais ao turismo de qualidade, toda aquela área teria uma melhor utilização,um aproveitamento mais qualificado nesse aspecto.

Pensemos um pouquinho, caro leitor deste Blog. E se ponha no lugar de um visitante de excursão.

Zona morta
Então os ônibus vão chegar ali e estacionar. Uma verdadeira zona morta, sem nenhum tipo de infraestrutura. Nem sequer uma lanchonete, um banco de madeira pra sentar, um sanitário. Se estiver batendo um vento sul daqueles, a impressão vai ser das melhores, sem dúvida. E não se diz que a primeira impressão é a que fica?

Bem. Conduzidos por uma guia, o grupo em torno de 40 passageiros será convidado a esticar e bater pernas.
Primeiro os visitantes atravessam a avenida, passam por um posto de gasolina e, sempre em aclive pela rua Osvaldo Aranha sobem cerca de 500 metros em direção a... ao que mesmo?

Bem, a prefeitura, através de seu secretário de Turismo, e acho eu, forçando muito, muito a barra, informa que eles vão direto em direção à chamada Casa das Artes (artesanato) bem ao lado do hospital, (hospital?), começando por ali o roteiro turístico.
Como é que é? Vamos então iniciar um roteiro, um passeio pelo que podia ser o seu fim ou o meio?
Durante o longo trajeto absolutamente nada, nada há para se observar.

A essa hora certamente já tem leitor se perguntando:
- Então, sr. Valmir, qual a sua ideia melhor? Já conto, calma, como vocês são apressados.
Minha sugestão para estacionamento de turismo é essa área:
Foto: Arquivo/Blog
Mas essa área é ao lado da rodoviária? Isso mesmo! Aquele espaço onde costumam se instalar pequenos circos quando chegam a nossa cidade e que hoje serve como... como... estacionamento de veículos.

Mas é uma área particular? Tem proprietário. Se tem, nem sei quem é. Mas aquela área ali na chamada Paixão, defronte ao ex-Cine Roma, também não dizem que tem dono? Pois então. 
Aliás, perguntar não ofende, o dono tá sabendo? O Iphan foi consultado? Ali é área tombada, que ninguém esqueça.

Além do mais, a área ao lado da rodoviária não seria o caso de declará-la de utilidade pública pelo município para fins de desapropriação?

Sigamos
Agora me acompanhe neste roteiro turístico partindo dali, daquela área ao lado da rodoviária, onde ficariam os ônibus de turismo estacionados.
Evidentemente  que o local poderia receber sanitários, um escritório de administração para os guias, lanchonete. Mas nem vou entrar nesses detalhes para não me estender.

Ao saltar dos ônibus os visitantes caminhariam 20 metros. Que digo? Na verdade bastaria atravessar poucos metros da rua e eles já estariam no primeiro Monumento Histórico da Laguna.
Um bom guia já se fartaria nas explicações de como Laguna nasceu antes do próprio descobrimento do Brasil, sendo extrema ao sul da linha imaginária do Tratado de Tordesilhas, entre Portugal e Espanha. Eis o começo da nossa história, a gênese de uma região que tem muito pra contar. E dá-lhe história.

Vamos seguir
Adiante, a poucos metros dali, o grupo passaria pela rua Celso Ramos, defronte ao Ceal. Um guia esperto pediria para o pessoal olhar pra cima, em frente, lá pro alto do Morro, para observar o Monumento Nossa Senhora da Glória, local a ser visitado dali a poucas horas, à tarde, provavelmente. 
Observação: um visual que é impossível ali da Paixão e da rua Osvaldo Aranha.

Com isso o nosso grupo imaginário de turistas de uma excursão já encontraria-se em pleno Largo do Rosário, na Praça Jerônimo Coelho. Mais contação de história pelo guia.

Depois disso, senhores, os visitantes já estariam contemplando o conjunto arquitetônico do centro da cidade, com seus variados nuances e estilos. Sem esquecer que por conta da chamada revitalização daquele espaço, incluindo a rua Raulino Horn, já não existiriam mais postes e fios elétricos e telefônicos, o que deve acontecer em breve, assim esperamos.

Além do mais, estariam caminhando na denominada via gastronômica, criada pela Associação Comercial e Industrial (ACIL), com cafeterias, restaurantes e barzinhos.
A poucos metros dali, bem ao lado, a Praça República Juliana, Estátua de Anita Garibaldi e Museu. Mais histórias a ser contadas, inclusive com pausas e descanso às sombras das árvores e bancos do local, que também precisam passar por uma revitalização.

Adiante
O(s) grupo(s) caminham pela rua Raulino Horn, se deparando (conforme projeto), novamente com uma rua cheia de bancos (há muitos turistas idosos, vocês sabem, aliás, acho que em sua maioria, que não pode ver um banco que logo senta), floreiras, lanchonetes, padarias e comércio variado. Uma rua sem postes e fios.

Metros adiante o grupo ou o guia decidiria: descer a Tenente Bessa em direção ao Mercado Público, que aí já estaria funcionando, ou seguir em frente, passando pelo novo calçadão da XV de Novembro ou indo até a rua Jerônimo Coelho, igreja Matriz, com uma pausa para oração aos pés de Santo Antônio dos Anjos, padroeiro da cidade, depois Jardim Calheiros da Graça e Casa de Anita.


E a Casa de Artes?
É passeio para um dia, se quiserem almoçar em algum restaurante do centro. Ou passeio de uma manhã ou tarde, se for meio corrido.
Depois disso uma chegada até a casa do Artesanato? Pode até ser. Se bem que sinceramente acho a Casa de Artes totalmente deslocada no contexto turístico da cidade. Está fora de roteiro, usando um visão periférica. Mas como cavalo dado não se olha os dentes e foi a Camargo Corrêa quem restaurou o imóvel...
Acho até que o local deveria ter outra serventia, com a Casa do Artesanato sendo instalada em outro imóvel. Quem sabe na Praça Vidal Ramos ou na Praça República Juliana, onde transitam centenas de pessoas. Mas isso é outro capítulo.

Após tudo isso aí visitado, o retorno poderia ser feito indo-se até a Carioca e após em direção à Voluntário Fermiano (rua do Fogo) com seus casarios conservados. Concluiria-se o roteiro novamente no estacionamento dos ônibus.
Com esse passeio a pé, todos, repito TODOS os pontos tradicionais, históricos e turísticos do centro da cidade seriam devidamente visitados, numa caminhada única.

Finalizo
Acompanharam o roteiro? Agora me digam qual deles é o melhor para um turista de excursão? Qual o melhor estacionamento para os ônibus? Qual o melhor roteiro pra cidade?

Estacionar ali na Paixão no meio do nada e andar mais de 500 metros para chegar a um mero ponto comercial, ao lado de um hospital? Ou fazer o roteiro sugerido, já descendo do ônibus em direção à história e ao contato imediato com a cidade, seu comércio e habitantes?

É óbvio que o os atuais gestores nem vão ler esse escrito, muito menos alterar o que já se propuseram.
Imaginem o prefeito Everaldo ou o secretário de Turismo Iberê mudar o que já decidiram e divulgaram por todos os meios de comunicação?

A sugestão é para o próximo prefeito
Quem sabe o futuro prefeito da Laguna a ser eleito em outubro próximo anote a sugestão deste humilde escriba em seu Plano de Governo, enriqueça com outros pormenores e a implante.
E a sugestão é de graça, não cobro nada não pelos direitos autorais.

Dizem que não se deve somente criticar e sim sugestionar, propor soluções. Pois aí está, faço pela nossa Laguna, pensando nela e em sua melhoria, principalmente no turismo, mola propulsora e um dos maiores alicerces do nosso desenvolvimento.

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